Exibindo cartazes a pedir a libertação de Suu Kyi e do Presidente, Win Myint, sindicalistas e estudantes gritaram "Vida longa à Mãe Suu" e "Abaixo a ditadura militar", num cruzamento perto da universidade, na capital.
De acordo com a agência de notícias Associated Press (AP), a polícia de choque bloqueou o acesso à universidade, com canhões de água estacionados naquela zona, não havendo registo de confrontos.
Os protestos têm-se repetido desde terça-feira, com o número de manifestantes a aumentar, apesar do acesso às redes sociais, usadas para a mobilização, estar bloqueado, por ordem do exército.
No sábado, os militares que tomaram o poder bloquearam o acesso à internet praticamente em todo o país, tornando o Twitter e o Instagram inacessíveis.
Na quarta-feira, o exército já tinha dado ordem aos operadores de internet para bloquearem o acesso ao Facebook, a rede social preferida no país, onde é usada como principal meio de communicação.
A resistência aos militares tem vindo a ganhar força desde o golpe de Estado, visto internacionalmente como um "chocante revés" no país do sudeste asiático, que estava a progredir em direção à democracia, após décadas de regime militar.
No sábado, cerca de mil pessoas manifestaram-se na capital, em protesto contra o golpe de Estado, agitando bandeiras vermelhas do partido de Aung San Suu Kyi, a Liga Nacional para a Democracia (LND).
A oposição ao golpe começou inicialmente com pessoas a bater em tachos e panelas às janelas na capital.
A ONU apelou novamente na sexta-feira à libertação dos líderes detidos em Myanmar, no primeiro contacto com o exército desde o golpe militar que derrubou o governo de Aung San Suu Kyi.
O Exército de Myanmar declarou na segunda-feira o estado de emergência e assumiu o controlo do país durante um ano, após a detenção de Aung San Suu Kyi, do Presidente do país, Win Myint, e de outros líderes governamentais.
Myanmar emergiu há apenas 10 anos de um regime militar que estava no poder há quase meio século.
Para justificar o golpe de Estado, imediatamente condenado pela comunidade internacional, os militares asseguraram que as eleições legislativas de novembro passado foram marcadas por "enormes irregularidades", o que a comissão eleitoral nega.
Os militares evocaram ainda os poderes que lhes são atribuídos pela Constituição, redigida pelo Exército, permitindo-lhes assumir o controlo do país em caso de emergência nacional.
O partido de Aung San Suu Kyi, que está no poder desde as eleições de 2015, venceu por larga maioria as eleições de novembro.
A vitória eleitoral de Suu Kyi, Prémio Nobel da Paz 1991, demonstrou a sua grande popularidade em Myanmar, apesar da má reputação internacional pelas políticas contra a minoria rohingya, a quem é negada a cidadania e o voto, entre outros direitos.
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