"Infelizmente, é uma tragédia que o Brasil esteja a enfrentar isso de novo e é difícil. Esta deve ser a quarta onda que o país volta a enfrentar, eu acho", disse à imprensa o diretor do programa de emergências sanitárias da OMS, Mike Ryan.
O diretor frisou que "não houve um ponto do país que não tenha sido afetado de forma grave pela pandemia", mas elogiou as ações das autoridades regionais para tentar travar a disseminação do novo coronavírus.
"O Brasil é muito capaz e tem muitas instituições científicas e de saúde pública fantásticas. Acho que o país sabe o que fazer e muitos Estados estão a tentar aplicar as melhores medidas. Não é simples. Não é fácil", acrescentou Ryan.
O Brasil, um dos países mais atingidos pela crise de saúde e que acumula cerca de 252.835 mortes e 10,4 milhões de infeções um ano após o registo do primeiro caso da doença, enfrenta atualmente um nova vaga da pandemia, mais contagiosa e mortal do que a primeira.
Nas últimas 24 horas, o Brasil somou 1.337 novas mortes devido à covid-19, elevando a média de óbitos nos últimos 14 dias a 1.100 por dia, o maior nível desde a chegada da pandemia ao país.
Também a média dos últimos sete dias subiu para 1.153, também a maior até agora e 9,3% superior à registada há exatamente um mês (média de 1.055 mortes diárias em 26 de janeiro).
Além do agravamento da covid-19, que levou ao colapso de vários hospitais, estão ainda em circulação no país novas estirpes do novo coronavírus, inclusive a P.1, detetada no Estado do Amazonas e até três vezes mais contagiosa do que a original.
Mike Ryan ressaltou que ainda que não está claro se a variante do coronavírus encontrada no Brasil pode estar relacionada com o elevado número de casos, mas afirmou que em todas as estirpes de covid-19 provou-se terem êxito as medidas de controlo de saúde mais difundidas, como distanciamento físico, máscara, higiene das mãos, entre outras.
Face ao recrudescimento da pandemia no Brasil, nos último dias vários Governos estaduais e municipais adotaram medidas mais severas, como toques de recolher noturnos e confinamentos, para evitar aglomerações e o colapso de hospitais.
A nação sul-americana confia na sua campanha nacional de imunização, iniciada em meados de janeiro, para controlar a segunda vaga da pandemia que atinge o país, apesar dos vários entraves que enfrenta, como a escassez de vacinas e das dificuldades nas negociações para aquisição de novas doses.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.508.786 mortos no mundo, resultantes de mais de 112,9 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Leia Também: Brasil volta a somar mais de 65 mil casos. Morreram 1.337 pessoas em 24h