Blinken, que presidiu a uma reunião por videoconferência do Conselho, defendeu a importância de que três passagens possam ser usadas para garantir que todos os sírios, principalmente os que vivem no norte do país, recebam a ajuda humanitária, contrariando as aspirações de Moscovo, que pretende fechar o único ponto de acesso que está ativo e canalizar todo o apoio através de Damasco.
"Voltaremos a autorizar as duas passagens de fronteira que foram fechadas e manteremos ativa a que permanece aberta. Vamos dar mais formas, e não menos, de entregar alimentos e remédios aos sírios. Vamos comprometer-nos a usar a maneira mais rápida e segura de chegar às pessoas que estão famintas e a morrer por falta de remédios", disse o chefe da diplomacia norte-americana.
A questão da ajuda transfronteiriça na Síria tem sido ponto de confrontos entre os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas, nos últimos anos.
O atual mecanismo de entregas humanitárias transfronteiriças foi aprovado em julho do ano passado, como um acordo mínimo, deixando apenas uma passagem com a Turquia aberta, depois de a Rússia - a grande aliada do Governo sírio - e a China terem rejeitado quatro propostas diferentes para manter um acesso mais amplo.
O acordo é válido por um ano, pelo que, nos próximos meses, o Conselho de Segurança terá que decidir sobre sua renovação, antes de ele expirar, em julho.
Nos últimos meses, as principais potências mundiais mostraram que as suas posições permanecem muito distantes, com a Rússia a defender o encerramento da passagem de Bab al Hawa, enquanto países como os EUA e os seus aliados europeus querem que a lista de possibilidades de entrada seja ampliada.
Moscovo defende que as entregas de ajuda da Turquia, administradas pelas Nações Unidas, beneficiam grupos terroristas em regiões do norte da Síria que não estão sob o controle do Governo do Presidente Bashar al-Assad, pelo que defende que a circulação seja feita através de Damasco.
Os serviços humanitários da ONU, por sua vez, defendem a importância das entregas transfronteiriças, alegando que milhões de pessoas dependem delas, insistindo nos riscos que a passagem de zonas militarizadas implica.
Hoje, Blinken defendeu que o Conselho de Segurança deve reabrir as passagens para garantir que a ajuda humanitária chega àqueles que precisam dela com mais rapidez e segurança.
"Apesar das nossas diferenças, temos que encontrar uma forma de agir para ajudar as pessoas", insistiu o secretário de Estado norte-americano.
De acordo com o líder da missão humanitária da ONU, o britânico Mark Lowcock, dos pouco mais de quatro milhões de pessoas que vivem no noroeste da Síria, 75% dependem de ajuda humanitária e quase 85% recebem apoio graças à operação internacional através da fronteira turca.
Lowcock disse ainda que cerca de 1,8 milhão de pessoas precisam de assistência em áreas do nordeste da Síria, fora do controlo do Governo e explicou que, embora as entregas de assistência dentro do país tenham aumentado, tal não compensa o que foi perdido com o encerramento da passagem de fronteira ativa na região.