"Os inspetores da AIEA continuam as suas atividades de verificação e vigilância no Irão e visitaram hoje as instalações de enriquecimento (de urânio) de Natanz", segundo uma declaração à agência France-Presse.
Teerão justificou hoje a decisão de enriquecer urânio a 60% como resposta ao "terrorismo nuclear" e à "maldade" israelita, referindo-se ao alegado ataque contra a central de Natanz, no domingo.
De acordo com o jornal New York Times, os israelitas estão implicados na operação que introduziu "clandestinamente" um engenho explosivo no interior da fábrica em Natanz e que foi acionado de forma remota.
A explosão e a decisão da República Islâmica de aumentar significativamente o grau de enriquecimento de urânio ocorrem numa altura em que os signatários do acordo sobre o nuclear iraniano de 2015 iniciaram negociações para salvar o pacto, desde sempre criticado por Israel.
O Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), como é designado, foi assinado em Viena em 2015 entre o grupo dos 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU - Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China - mais a Alemanha) e o Irão. Teerão aceitava limitações ao seu programa nuclear, que deviam ser fiscalizadas pela AIEA, em troca do levantamento de sanções internacionais.
Em 2018, os Estados Unidos abandonaram o acordo e restabeleceram duras sanções à República Islâmica, que um ano depois começou gradualmente a infringir os limites estabelecidos pelo pacto.
Atualmente o Irão enriquece urânio a 20%, muito além do limite de 3,67% que lhe é imposto pelo acordo assinado em Viena. Uma refinação de 60% colocará a República Islâmica em posição de passar rapidamente para os 90% necessários a uma utilização do minério para fins militares.
"Trata-se de um desenvolvimento grave porque a produção de urânio altamente enriquecido constitui uma etapa importante para a produção de uma arma nuclear", o que é "contrário ao espírito construtivo e à boa-fé destas negociações" em Viena para salvar o acordo, consideraram hoje França, Alemanha e Reino Unido num comunicado conjunto.
As negociações para salvar o JCPOA, fazendo regressar os Estados Unidos ao acordo internacional e ao mesmo tempo convencendo o Irão a voltar a respeitar os seus compromissos, começaram na semana passada em Viena e uma nova reunião está prevista para quinta-feira.
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