Israel começa a enterrar mortos após debandada que matou 45 peregrinos

Israel começou hoje a enterrar os seus mortos após uma debandada que provocou 45 vítimas mortais, incluindo crianças, durante uma peregrinação judaica ortodoxa no norte do país, a maior reunião realizada desde o início da pandemia de covid-19.

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© Ronen Zvulun/Reuters

Lusa
30/04/2021 16:57 ‧ 30/04/2021 por Lusa

Mundo

Israel

 

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"A catástrofe do monte Meron é uma das mais graves que atingiu o Estado de Israel", declarou o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, que visitou hoje o local e declarou um dia de luto nacional, no domingo, após o Shabat.

"O que aconteceu aqui é de partir o coração. Houve pessoas esmagadas até à morte, incluindo crianças. Muitos dos que morreram ainda não foram identificados", acrescentou Netanyahu, prometendo uma "investigação exaustiva" à tragédia.

Nos bairros ultraortodoxos de Jerusalém de Bnei Brak, milhares de homens, com chapéus e casacos pretos sobre camisas opalinas, marcharam pelas ruas pouco antes do intervalo semanal do Shabat para o primeiro funeral, enquanto o número de mortos na tragédia continua a aumentar, para 45 óbitos, segundo o Ministério da Saúde.

O pai de Elazar Goldberg, um israelita de 38 anos morto na tragédia, falou em Jerusalém para homenagear o filho.

"Pede aí em cima a Deus para proteger as tuas crianças", lançou, antes que os seus familiares, por sua vez, pronunciassem a frase ritual: "bendito sejas, juiz da verdade", em frente aos restos de Elazar, coberto com um talit (xaile de oração).

Na noite de quinta-feira, dezenas de milhares de pessoas reuniram-se para a peregrinação que marca o feriado judaico de Lag Baomer, no monte Meron, à volta da suposta tumba do Rabi Shimon Bar Yochai, um talmudista do século II da era cristã, a quem é atribuída a escrita do Zohar, obra central do misticismo judaico.

De acordo com testemunhas entrevistas pela agência francesa France-Press (AFP), os peregrinos chegaram em massa para passar por um corredor estreito.

"Chegava mais gente, cada vez mais, por dentro e por fora. A polícia não deixava sair, então começaram a ser apertados uns contra outros e depois caíram todos", afirmou Shmuel, de 18 anos, testemunha da tragédia, acrescentando que "dezenas de pessoas morreram esmagadas, foi um desastre".

Várias dezenas de ambulâncias intervieram para retirar os corpos e os feridos, que as equipas de resgate tiveram dificuldade em alcançar por causa da multidão.

Seis helicópteros também transportaram feridos para cidades próximas.

"Foi um dos incidentes mais difíceis que já tive de enfrentar. Lembrou-me a época dos bombardeamentos", recordou Dov Maisel, do Serviço de Resgate Hatazala, à rádio militar.

O Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, desejou "força e coragem" ao povo israelita "para ultrapassar estes tempos difíceis.

Antes da tragédia, uma densa multidão percorria os corredores e salas, dançando e cantando, orando e acendendo velas e fogueiras, de acordo com imagens captadas pela AFP.

O comandante da polícia da região norte, Shimon Lavi, disse aos jornalistas que "assumiu a responsabilidade" pelo desastre.

As autoridades permitiram a presença de 10.000 pessoas no recinto do túmulo, mas, segundo os organizadores, foram fretados mais de 650 autocarros no país, ou seja, pelo menos 30.000 pessoas, enquanto a imprensa local relatou quase 100.000 participantes.

Paradoxalmente, Lag Baomer é uma celebração alegre, que também marca a memória do fim de uma epidemia devastadora entre os alunos de uma antiga escola talmúdica.

Leia Também: Israel. Debandada em peregrinação é um "um dos mais graves desastres"

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