A moção, apresentada pelo advogado de defesa Eric Nelson num tribunal de Minneapolis, no Estado de Minnesota, argumenta que durante o julgamento contra Chauvin houve um "abuso de discrição que privou o acusado de um julgamento justo, má conduta do procurador e do júri, erros de direito no julgamento e um veredito contrário à lei".
O advogado disse que a publicidade em torno do julgamento incluía "intimidação" da testemunha especialista em defesa, o que, segundo ele, poderia ter um "longo efeito inibidor" na capacidade dos arguidos terem testemunhas especializadas em casos de alta complexidade.
"A publicidade aqui foi tão difundida e tão prejudicial antes e durante este julgamento que representou um defeito estrutural no processo", argumentou Nelson.
Nelson fundamentou o novo pedido acusando o juiz Peter Cahill de abuso da discrição do tribunal e violando o direito de Chauvin a um julgamento justo.
O requerimento foi apresentado depois de terem aparecido fotografias de um dos 12 jurados num protesto antirracista, o que levantou interrogações acerca da sua imparcialidade, mas o documento não as menciona.
Esse jurado, Brandon Michell, defendeu as suas ações, dizendo que o evento era para comemorar a marcha sobre Washington 1963, liderada por Martin Luther King, e não um protesto pela morte de Floyd.
No questionário enviado a potenciais jurados antes do julgamento de Chauvin, Mitchell disse não ter participado nos protestos contra a violência policial que se seguiram à morte de George Floyd.
"As suas respostas foram tecnicamente corretas, [já que se tratava de uma comemoração]. Cabe agora ao juiz interrogá-lo novamente para ver se tinha algum preconceito ou mentiu e decidir se é suficientemente grave para afetar o resultado do julgamento. Mas a barreira é muito alta para cancelar um processo, isso acontece muito raramente", indicou o especialista em seleção de jurados Jeffrey Frederick, em declarações à France-Presse.
Derek Chauvin, um ex-polícia branco, foi condenado no dia 25 de maio por homicídio em segundo grau, homicídio em terceiro grau e homicídio por negligência, depois de as provas apresentados mostrarem que pressionou o joelho contra o pescoço de George Floyd por nove minutos e meio, enquanto o afro-americano dizia que não conseguia respirar e ficou imóvel.
Durante o julgamento, Nelson garantiu ao júri que Chauvin "não usou força ilegal de propósito" e que "não foi um estrangulamento", justificando as ações dos polícias que mantiveram Floyd no chão.
Um pedido de novo julgamento é rotina após um veredito de culpado e muitas vezes reflete questões que vão ser levantadas no recurso, explicou Mike Brandt, advogado de defesa em Minneapolis e que tem acompanhado o caso de perto.
Se este pedido for negado, pode dar mais uma camada de decisões passíveis de recurso para Nelson, embora Brandt e outros defendam que as condenações de Chauvin dificilmente seriam anuladas.
A leitura da sentença de Chauvin vai ser proferida no dia 16 de junho, de acordo com uma notificação do tribunal do condado de Hennepin, no Minnesota, onde o ex-polícia foi julgado.
Leia Também: Jurado falou sobre julgamento de Chauvin. "As provas eram esmagadoras"