Ramaphosa afirmou que o recente apoio do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a uma suspensão das patentes das vacinas anti-covid-19 é um "importante reforço" da campanha que a África do Sul e a Índia estão a liderar no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) e um passo no sentido do fim do "imperialismo" das vacinas, que conta já com o apoio de mais de uma centena de países.
"O objectivo pode ser alcançado se nos concentrarmos nos benefícios morais, legais e económicos de proporcionarmos proteção urgente, acessível e equitativa a todas as pessoas do mundo, dada a grave e indiscriminada ameaça à vida e à sustentabilidade económica", afirmou o governante, através de declaração divulgada pela Presidência sul-africana.
O chefe de Estado sublinhou ainda que a suspensão temporária das patentes de vacinas responde ao "melhor interesse de toda a humanidade" e apelou às empresas farmacêuticas para que proporcionem, "à luz do crescente consenso global", facilidades para a partilha de conhecimentos e tecnologia antiviral.
Minutos depois, perante o parlamento sul-africano, Cyril Ramaphosa reiterou que os medicamentos e vacinas deveriam ser tratados como "bens públicos".
"O imperialismo e o nacionalismo das vacinas por países com economias mais desenvolvidas deve acabar", disse, numa referência à questão das patentes e à campanha no seio da OMC.
Durante a intervenção parlamentar, e ainda que o *residente sul-africano tenha sido saudado pela "vitória" que o crescente apoio global à iniciativa liderada pela África do Sul representa para o país africano, a oposição criticou Ramaphosa pelo lento progresso interno em matéria de imunização.
Até à data, a África do Sul, apesar de ser a nação mais desenvolvida do continente e também a mais duramente atingida pela pandemia de covid-19, ocupa o 33.º lugar no continente em termos da percentagem da sua população vacinada.
De uma população total de 58 milhões, apenas 353.181 pessoas receberam a sua dose da vacina anticovid na África do Sul.
Até agora, só os profissionais da área da saúde foram imunizados com a vacina produzida pela Johnson & Johnson, depois de a África do Sul ter sido obrigada a renovar a sua estratégia de vacinação em fevereiro último, devido à baixa eficácia demonstrada pela vacina da AstraZeneca contra a variante do coronavírus 501Y.V2, desenvolvida na nação do extremo sul de África.
A vacinação da população, em geral, está programada para começar em 17 de maio.
"Superámos muitos desafios", defendeu Ramaphosa, antes de assegurar que, no segundo trimestre de 2021, a África do Sul receberá quase nove milhões de doses e que, até ao final do ano, as entregas de 31,2 milhões de doses da Johnson & Johnson e 21,4 milhões de vacinas produzidas pela farmacêutica Pfizer estão encerradas.
A África do Sul registou até agora 1.588.221 casos de covid-19, e contabiliza 54.557 mortes associadas à doença. Segundo os especialistas, o país está à beira da sua terceira vaga de contágio.
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