Naquela que é a primeira cimeira presencial do ano de líderes da UE em Bruxelas, a sessão de hoje já era consagrada a política externa, mas a agenda ficou mais 'preenchida' com a inclusão de uma discussão sobre eventuais sanções suplementares ao regime de Minsk encabeçado pelo Presidente Alexander Lukashenko, na sequência do desvio e aterragem forçada de um voo comercial da Ryanair, na véspera, para a detenção de um opositor.
Assim, durante o jantar de trabalho de hoje, os líderes dos 27 vão avaliar um novo pacote de sanções contra responsáveis bielorrussos, tendo sido vários os chefes de Estado e de Governo a reclamar, à chegada ao Conselho, "mão dura" da UE contra o regime de Lukashenko, após mais este incidente, por muitos classificado como "terrorismo de Estado".
O desvio do voo da Ryanair que ligava Atenas a Vílnius e aterragem forçada em Minsk permitiram às autoridades bielorrussas deter o jornalista bielorrusso Roman Protasevich, cujo canal Nexta na rede social Telegram se tornou a principal fonte de informação nas primeiras semanas de protestos antigovernamentais após as eleições presidenciais de agosto de 2020.
Além da Bielorrússia, os líderes da UE vão ter hoje à noite uma delicada "discussão estratégica" sobre a Rússia, que já esteve na agenda do Conselho Europeu de março passado, mas que foi adiado a partir do momento em que a cimeira, que deveria ser presencial, teve de passar a um formato virtual, devido ao agravamento da situação epidemiológica da covid-19, por receios de segurança relacionados com a 'vulnerabilidade' das videoconferências.
Agora que os líderes dos 27 podem voltar finalmente a reunir-se em Bruxelas, o que não sucedia desde dezembro de 2020 -- as cimeiras do Porto de há duas semanas, em 07 e 08 de maio, foram as primeiras 'físicas' de 2021, mas com uma agenda própria -, terá então lugar este debate sobre a Rússia, e designadamente as suas "ações provocatórias", como escreveu o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, na carta-convite dirigida aos líderes.
"As ações ilegais e provocatórias da Rússia têm prosseguido, tanto junto dos Estados-Membros da UE como fora, mais recentemente com a chamada lista de «Estados não amigos». Um futuro debate entre nós poderia ser utilmente enquadrado por um relatório do Alto Representante e da Comissão, em conformidade com os cinco princípios orientadores das relações UE-Rússia", escreveu Charles Michel.
Ainda em matéria de política externa, os chefes de Estado e de Governo dos 27 vão discutir pela primeira vez as relações com o Reino Unido desde a consumação do 'Brexit', no final de janeiro passado, e já à luz da entrada em vigor de forma definitiva, em 01 de maio, do Acordo de Comércio e Cooperação, que rege agora as relações entre as partes.
Fontes europeias indicaram que, não sendo pontos oficiais da agenda, há dois outros temas que muito provavelmente serão discutidos também na segunda-feira à noite: o conflito israelo-palestiniano e as migrações, este último por solicitação do primeiro-ministro italiano, Mário Draghi, pelo que a sessão noturna de hoje pode ser longa, de acordo com fontes europeias.
No segundo dia de trabalhos, terça-feira, os líderes europeus dedicar-se-ão aos outros dois grandes temas deste Conselho Europeu: a coordenação europeia no combate à pandemia da covid-19, como não poderia deixar de ser -- um tema 'obrigatório' há já mais de um ano -- e o combate às alterações climáticas.
Portugal estará representado na cimeira pelo primeiro-ministro, António Costa, presidente em exercício do Conselho da UE até final de junho, que não prestou declarações à chegada a este Conselho Europeu, que arrancou pouco depois das 19:30 locais (18:30 em Lisboa).
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