"Chegou o momento de uma federação de centro-direita, onde cada um conservará a sua identidade", disse Salvini no domingo em Zambrone (Calábria, sul).
O líder da Liga explicou que foi definido um prazo de uma semana para conversações entre os "pesos pesados" dos dois partidos, incluindo o líder da FI, Silvio Berlusconi, que já foi por três vezes primeiro-ministro e que já manifestou o seu apoio à iniciativa, segundo os media locais.
Salvini indicou que vai explicar seu projeto a Draghi numa reunião agendada para hoje e destinada a "reafirmar o máximo apoio da Liga às reformas" que o Governo pretende aplicar para poder gerir os Fundos europeus de recuperação, e ainda para expor ao chefe de Governo o seu projeto de federação e os seus objetivos.
"Espero que Draghi nos ajude a torná-lo realidade", disse Salvini, ao insistir que "não se deve confundir com uma fusão" porque "será assente em projetos comuns e uma oportunidade para todos e também para o país".
"Falaremos a uma só voz e desse modo aceleraremos a aprovação de decretos, de emendas, facilitaremos as reformas fiscal, da justiça", entre outras.
Numa alusão à ausência na federação do partido ultra-direitista Irmãos de Itália, de Giorgia Meloni, com quem a Liga e a FI pretendem promover iniciativas conjuntas antes das eleições, Salvini disse que, como partido de oposição ao Governo de unidade presidido por Draghi, a sua presença não teria sentido.
"A federação não é uma operação contra mim, antes contra a esquerda", disse Meloni em declarações aos media.
Salvini tem considerado que uma união dos conservadores permitirá converter o centro-direita "numa alternativa à esquerda, incluindo no Parlamento [Europeu] de Estrasburgo".
No entanto, existem muitas dúvidas entre as fileiras da FI, onde Berlusconi, que após meses de debates com Salvini apoiou o acordo, continua a mediar entre as diversas sensibilidades da formação para garantir um consenso devido à oposição de alguns dirigentes, onde se incluem as ministras Mariastella Gelmini e Mara Carfagna, revela hoje o diário Corriere dela Sera.
Salvini e Berlusconi devem decidir como e quem se encarregará da direção da federação, cujo primeiro passo poderia ser a união dos grupos parlamentares, para além da apresentação de candidaturas conjuntas às próximas eleições locais e regionais.
Segundo as mesmas fontes, a presidência deste novo projeto poderá ser atribuída ao líder da FI, apesar de na Liga se considerar que Berlusconi, 84 anos, pretenderá apresentar-se à chefia do Estado quando terminar o atual mandato de Sérgio Mattarella, e caso a saúde o permita.
Uma possibilidade que foi claramente referida por Meloni: "Nunca estaria contra uma candidatura de Berlusconi ao Quirinal", a sede da presidência italiana.
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