O chefe de Estado israelita, Reuven Rivlin, recebeu hoje, na residência oficial, os membros do novo executivo, liderado pelo ultranacionalista Naftali Benett, de 49 anos.
Durante o encontro foi registada a tradicional fotografia de grupo, com os 27 ministros do novo Governo, que inclui nove mulheres, no mesmo dia em que os ex-ministros de Netanyahu entregam as pastas aos membros do novo executivo.
Benett vai ocupar o cargo de primeiro-ministro durante os primeiros dois anos, sendo que depois vai ser substituído pelo centrista laico Yair Laipid, que vai ser o próximo ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel durante 24 meses.
O novo Governo, o 36º desde a criação do Estado de Israel, em 1949, é formado por uma coligação de oito partidos de quase todo o espetro político e que se uniram para afastar Netanyahu.
Para os apoiantes do Likud, Netanyahu é um "estadista de nível internacional" e o único político israelita capaz de conduzir o país enfrentando os vários desafios nas áreas da segurança do Estado.
Para os críticos, Netanyahu transformou-se num político autoritário que "dividiu para reinar", pondo em perigo a sociedade de Israel, incluindo através das tensões entre judeus e árabes.
O ex-chefe do Governo vai reunir-se hoje Benett para a passagem formal do poder, mas, ao contrário do que é costume em Israel, não vai decorrer a tradicional cerimónia oficial e o encontro vai acontecer na residência oficial do chefe do Governo, em Jerusalém.
Benjamin Netanyahu foi o político que mais tempo ocupou o cargo de primeiro-ministro em Israel, num total de 15 anos (1996-1999 e 2009-2021), passando agora para a oposição no Parlamento.
Netanyahu já disse que vai fazer tudo para derrubar o novo executivo e regressar ao poder.
"Se estamos destinados a estar na oposição vamos fazê-lo de cabeça erguida até conseguirmos a deposição deste perigoso Governo", declarou Netanyahu.
O ex-primeiro-ministro disse também que um milhão de pessoas votou no partido que lidera - Likud - nas eleições de março, tendo conseguido 30 lugares no Parlamento e dirigir uma coligação de direita, pelo que acusa Benett de traição ao unir-se a uma aliança de esquerda e árabe.
Benett conseguiu, nas últimas eleições, sete deputados para a formação ultranacionalista e religiosa Yamina.
Um dos deputados do partido de Benett demarcou-se, tendo-se negado a assumir o novo pacto com os partidos de esquerda e a formação árabe Raam.
O Parlamento de Israel é composto por 120 lugares, sendo que 60 deputados estão empenhados na "nova coligação de mudança" e 59 estão na oposição ao novo Governo.
No domingo, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana mostrou-se pouco entusiasmado com o novo Governo de Israel, afirmando que não acredita nas políticas do novo executivo em relação às questões palestinianas.
A Autoridade Nacional Palestiniana referiu-se à última guerra - que se prolongou durante 11 dias em maio - e declarou que vai continuar a manter todas as formas de resistência, incluindo a "resistência armada".
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