Líbano prestes a ficar sem energia por falta de combustível

Os proprietários de geradores privados preveniram hoje os seus clientes em todo o Líbano que poderão deixar de fornecer eletricidade devido à dificuldade em garantirem combustível, num país em profunda crise económica e fortes medidas de racionamento.

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Lusa
23/06/2021 17:53 ‧ 23/06/2021 por Lusa

Mundo

Líbano

 

O país regista, desde há mais de três décadas, cortes frequentes de corrente elétrica, forçando os libaneses a alugarem geradores privados e pagando, desta forma, duas faturas de eletricidade, mas hoje o Líbano está ameaçado de um efetivo "black-out".

A Eletricidade do Líbano, deficitária e com crónica escassez de produção, apenas garante o fornecimento de duas horas diárias de corrente em certas regiões.

No entanto, os geradores privados também se arriscam a deixar de funcionar.

Segundo os media locais, hoje registou-se um corte de corrente num edifício do ministério dos Negócios Estrangeiros, que implicou a interrupção do trabalho dos funcionários.

"Os proprietários dos geradores de diversas regiões começaram hoje a informar os seus clientes da sua incapacidade em fornecer corrente devido à ausência de combustível", lamentou à agência noticiosa AFP Abdo Saadé, presidente do sindicato dos proprietários de geradores privados.

"No final da semana passada tínhamos previsto que as reservas se esgotariam na terça-feira ou quarta-feira (...) Aqui estamos hoje, e sem solução" no horizonte, lamentou.

Confrontado desde o outono de 2019 com uma inédita crise económica, o Líbano regista uma contínua deterioração das suas infraestruturas e perante a inércia das autoridades, acusadas de corrupção e de terem contribuído para o colapso do país.

Os responsáveis argumentam que a atual penúria é devida ao açambarcamento pelos comerciantes de importantes quantidades de combustíveis após o fim dos subsídios do Banco central a diversas importações, e à disseminação do contrabando em direção à vizinha Síria.

Segundo a polícia, ocorreram nas últimas semanas diversas detenções de contrabandistas.

Num país onde a moeda perdeu 90% do seu valor face ao dólar, o Banco central instaurou um mecanismo de subvenções, recorrendo às suas reservas em dólares para cobrir 85% do custo das importações.

Este mecanismo, segundo os importadores, encontra-se atualmente em estado de "morte clínica".

As penúrias de corrente elétrica e combustíveis arriscam-se ainda a perturbar a rede internet no país, advertiu recentemente o diretor-geral do Ogero, o fornecedor público de acesso à internet no país.

Segundo o Banco mundial, a crise do Líbano é a pior do mundo desde 1850.

Leia Também: Líbano: Preço do pão aumenta... pela quinta vez num ano

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