O país regista, desde há mais de três décadas, cortes frequentes de corrente elétrica, forçando os libaneses a alugarem geradores privados e pagando, desta forma, duas faturas de eletricidade, mas hoje o Líbano está ameaçado de um efetivo "black-out".
A Eletricidade do Líbano, deficitária e com crónica escassez de produção, apenas garante o fornecimento de duas horas diárias de corrente em certas regiões.
No entanto, os geradores privados também se arriscam a deixar de funcionar.
Segundo os media locais, hoje registou-se um corte de corrente num edifício do ministério dos Negócios Estrangeiros, que implicou a interrupção do trabalho dos funcionários.
"Os proprietários dos geradores de diversas regiões começaram hoje a informar os seus clientes da sua incapacidade em fornecer corrente devido à ausência de combustível", lamentou à agência noticiosa AFP Abdo Saadé, presidente do sindicato dos proprietários de geradores privados.
"No final da semana passada tínhamos previsto que as reservas se esgotariam na terça-feira ou quarta-feira (...) Aqui estamos hoje, e sem solução" no horizonte, lamentou.
Confrontado desde o outono de 2019 com uma inédita crise económica, o Líbano regista uma contínua deterioração das suas infraestruturas e perante a inércia das autoridades, acusadas de corrupção e de terem contribuído para o colapso do país.
Os responsáveis argumentam que a atual penúria é devida ao açambarcamento pelos comerciantes de importantes quantidades de combustíveis após o fim dos subsídios do Banco central a diversas importações, e à disseminação do contrabando em direção à vizinha Síria.
Segundo a polícia, ocorreram nas últimas semanas diversas detenções de contrabandistas.
Num país onde a moeda perdeu 90% do seu valor face ao dólar, o Banco central instaurou um mecanismo de subvenções, recorrendo às suas reservas em dólares para cobrir 85% do custo das importações.
Este mecanismo, segundo os importadores, encontra-se atualmente em estado de "morte clínica".
As penúrias de corrente elétrica e combustíveis arriscam-se ainda a perturbar a rede internet no país, advertiu recentemente o diretor-geral do Ogero, o fornecedor público de acesso à internet no país.
Segundo o Banco mundial, a crise do Líbano é a pior do mundo desde 1850.
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