Acusação reconhece que francesa que matou marido violento foi "vítima"

O Ministério Público pediu hoje clemência para Valérie Bacot, julgada em França por ter assassinado em 2016 o marido após anos de maus-tratos, e uma condenação sem prisão efetiva, ao reconhecer que a mulher foi "uma vítima".

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Lusa
25/06/2021 17:37 ‧ 25/06/2021 por Lusa

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Valérie Bacot

 

Já a defesa da mulher francesa de 40 anos, que começou a ser julgada na passada segunda-feira, pediu a absolvição, alegando uma anulação da capacidade de discernimento da acusada.

"Valérie Bacot não podia ter tirado a vida ao homem que a aterrorizava", mas é necessário "corrigir (o ato) sem encarcerar", afirmou o procurador-geral Eric Jallet no tribunal em Saône-et-Loire (leste de França), sublinhando que os quatro filhos da mulher "precisam" da acusada.

A acusação pediu uma pena de cinco anos de prisão, incluindo quatro anos de pena suspensa, o que significa que Valerie Bacot poderá sair do tribunal em liberdade, uma vez que já passou um ano em prisão preventiva.

Em 13 de março de 2016, Valerie Bacot matou Daniel Polette com um tiro na nuca, pondo fim a mais de 24 anos de abusos e de violência.

O marido, que tinha começado por ser seu padrasto, companheiro da mãe, e começou a abusar dela quando tinha 12 anos, obrigava a prostituir-se.

O homem, que tinha mais 25 anos que Bacot, casou com ela e tiveram quatro filhos.

O crime ocorreu quando Valerie Bacot escutou uma conversa entre o marido e a filha de ambos, de 14 anos, em que ele estava a fazer-lhe perguntas sobre a sua sexualidade.

O medo de que a prostituísse, como fazia com ela, levou-a a matá-lo, confessou Valerie Bacot, que incorria numa pena que podia ir até prisão perpétua.

Ao ouvir a exposição dos argumentos da acusação e da defesa, Valerie Bacot começou a chorar e acabaria por desmaiar, visivelmente exausta, segundo descreveu a agência France-Presse (AFP).

A acusada recebeu no local a assistência de uma equipa de emergência médica e recuperou os sentidos, relatou ainda a AFP.

O caso de Bacot, que se transformou em França no novo rosto da violência machista, reavivou, no país, a memória de Jacqueline Sauvage, condenada, em 2014, a dez anos de prisão por ter matado o marido que a maltratara durante mais de quatro décadas.

Em 2016, Jacqueline Sauvage, na altura com 68 anos, foi indultada pelo então Presidente, François Hollande, quando o caso foi apontado como exemplo das fragilidades dos serviços sociais do Estado, incapazes de dar resposta a anos de denúncias da mulher.

 

Leia Também: Começa a ser julgada mulher que matou marido após anos de maus-tratos

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