O caso de Raisuni, que cumpriu na sexta-feira 92 dias de greve de fome para exigir ser julgado em liberdade condicional, suscitou a atenção e solidariedade de organizações de direitos humanos, que consideraram que o jornalista foi perseguido pelo seu trabalho no periódico opositor Ajbar al Yawm, encerrado por asfixia financeira.
Milud Qandil, da equipa de advogados de defesa do jornaltsa, considerou o veredicto "injusto" porque não permitiu ao acusado defender-se corretamente, e denunciou numerosas irregularidades no código de procedimento penal.
Raisuni foi denunciado por Adel Adam na rede social Facebook após dois anos da alegada ocorrência, e nunca tinha feito uma queixa formal à polícia, mas o tribunal considerou as declarações válidas.
O jornalista, que se encontrava em prisão preventiva desde 22 de maio de 2020, foi redator chefe do Ajbar al Yawm, o único diário crítico que se mantinha em atividade em Marrocos até que foi encerrado por dificuldades financeiras.
A leitura do veredicto realizou-se sem a presença do jornalista ou da sua defesa, já que os advogados se retiraram em protesto contra o Tribunal, explicou à agência EFE a advogada Souad Brahma.
Os factos remontam a 2018, quando o jornalista realizava uma reportagem sobre a comunidade homossexual, e entrevistou o jovem Adam, que depois o viria a denunciar por violação, mas nunca ficou claro porque demorou dois anos a fazê-lo.
No entanto, a defesa de Raisuni sustenta que a verdadeira razão da detenção tem a ver com a sua linha política de esquerda e o seu trabalho como jornalista de um periódico que já tem uma larga história de perseguições.
O próprio diretor do jornal, Tawfiq Buachrine, foi condenado em novembro de 2018 a doze anos de prisão por vários delitos sexuais cometidos na sede do periódico contra mulheres que trabalhavam com ele.
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