Pandemia confrontou mundo com "injustiças sistémicas" globais

O Papa Francisco defendeu que a pandemia do novo coronavirus confrontou o mundo "com as injustiças sistémicas que minam a unidade da família humana", classificando de criminosa a fome quando há capacidade de produzir comida para todos.

Notícia

© Grzegorz Galazka/Archivio Grzegorz Galazka/Mondadori Portfolio via Getty Images

Lusa
27/07/2021 06:26 ‧ 27/07/2021 por Lusa

Mundo

Papa Francisco

 

A intervenção escrita do Papa foi lida na segunda-feira durante uma reunião de preparação de uma cimeira da ONU sobre sistemas de alimentação, que contou também com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres. 

A reunião foi convocada para preparar a cimeira da ONU sobre os sistemas de alimentação, que vai decorrer em Nova Iorque em setembro.

O Papa Francisco acentuou que as pessoas mais pobres do mundo e o planeta estão a gritar, devido "ao estrago que se lhe está a ser infligido, através de práticas irresponsáveis sobre os bens que Deus colocou nele".

O pontífice acrescentou que, enquanto novas tecnologias estão a ser desenvolvidas para aumentar a capacidade de produzir alimentos na Terra, continua-se a "explorar a Natureza até ao ponto de esterilização, expandindo não só os desertos externos, mas também os desertos internos espirituais".

O Papa considerou o "escândalo" da fome um "crime, que viola direitos humanos básicos".

No início deste mês, um relatório da ONU salientava que havia mais 161 milhões de pessoas a passar fome do que em 2019, com muito deste agravamento a resultar da pandemia do novo coronavírus.

"Pobreza, desigualdade de rendimentos e o elevado custo da alimentação continuam a manter as dietas saudáveis fora de alcance de três mil milhões de pessoas", disse Guterres, na sua intervenção. "As alterações climáticas e os conflitos são ambos consequências e causas desta catástrofe".

O Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA) apelou aos decisores políticos que "resolvam as falhas dos sistemas de alimentação", que deixam centenas de milhões de pessoas pobres e com fome.

O FIDA, uma agência da ONU destinada a ajudar a agricultura de pequena escala, considerou que os sistemas alimentares têm de "mudar radicalmente" para garantir acesso a comida saudável, onde a produção alimentar "protege o ambiente e a biodiversidade e onde as pessoas que produzem a comida são pagas decentemente pelo seu trabalho".

Em 2020, pelo menos 811 milhões de pessoas passaram fome, segundo aquele relatório da ONU. 

Guterres adiantou que os trabalhos preparatórios realizados em Roma, vão ajudar a definir o tom para a ação durante esta década e para uma "recuperação equitativa e sustentável" da pandemia do novo coronavírus.

Estes esforços têm implicações financeiras. O economista-chefe da Organização da Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em Inglês) estimou que a remoção de 100 milhões de pessoas do estado de subalimentação crónica exigiria 14 mil milhões de dólares (cerca de 12 mil milhões de euros) todos os anos, até 2030, e cerca do triplo para conseguir o objetivo da ONU de fome zero até 2030.

Leia Também: Alterações climáticas e conflitos são causa e consequência da pobreza

Partilhe a notícia

Produto do ano 2024

Descarregue a nossa App gratuita

Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas