"O desaparecimento do Presidente Jorge Sampaio representa uma grande perda", observou Suzi Barbosa, considerando ainda o ex-Presidente português como "um grande estadista, um defensor dos Direitos Humanos que se destacou muito cedo no percurso das lutas académicas".
A chefe da diplomacia portuguesa recordou os apoios de Jorge Sampaio, então presidente de Portugal, quando eclodiu um conflito politico-militar na Guiné-Bissau, em junho de 1998, que levaria à deposição do então chefe de Estado guineense, João Bernardo "Nino" Vieira, 11 meses depois.
"O Presidente Sampaio foi, sem dúvida, um amigo da Guiné-Bissau. Teve uma intervenção muito direta nos momentos difíceis do nosso país. De recordar que ele era o Presidente quando eclodiu a guerra de 07 de junho e nesse período pudemos destacar o apoio que Portugal deu aos refugiados guineenses fugidos do conflito", notou a ministra.
A chefe da diplomacia guineense destacou ainda as características de Jorge Sampaio nas lutas políticas para a afirmação da democracia em Portugal.
"Foi também um antifascista convicto e declarado que se destacou sobretudo na luta pela consolidação da democracia em Portugal. Enquanto Presidente da República tomou decisões corajosas em períodos complexos da política portuguesa", sublinhou Suzi Barbosa.
A governante guineense enalteceu, por outro lado, as várias causas internacionais em que Jorge Sampaio se envolveu, nomeadamente luta a tuberculose e ainda a favor dos refugiados fugidos de conflitos na Síria.
O antigo Presidente da República Jorge Sampaio morreu hoje aos 81 anos, no hospital de Santa Cruz, em Lisboa.
Antes do 25 de Abril de 1974, foi um dos protagonistas da crise académica do princípio dos anos 60, que gerou um longo e generalizado movimento de contestação estudantil ao Estado Novo, tendo, como advogado, defendido presos políticos durante a ditadura.
Jorge Sampaio foi secretário-geral do PS (1989-1992), presidente da Câmara Municipal de Lisboa (1990-1995) e Presidente da República (1996 e 2006).
Após a passagem pela Presidência da República, foi nomeado em 2006 pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas enviado especial para a Luta contra a Tuberculose e, entre 2007 e 2013, foi alto representante da ONU para a Aliança das Civilizações.
Atualmente presidia à Plataforma Global para os Estudantes Sírios, fundada por si em 2013 com o objetivo de contribuir para dar resposta à emergência académica que o conflito na Síria criara, deixando milhares de jovens sem acesso à educação.
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