"Os hospitais, daquilo que soube, não estão a funcionar a 100% com esta situação de boicote ao sistema, mas quero dizer que o Governo tem conhecimento de todas essas dificuldades", afirmou Dionísio Cumba.
O ministro falava aos jornalistas no final da cerimónia da campanha de vacinação nacional contra a covid-19, que decorreu no Instituto Nacional de Saúde Pública, em Bissau.
"Quando cheguei ao Governo encontrei uma situação desastrosa, visitei o terreno para ver as dificuldades que os técnicos estão a enfrentar e está a ser elaborado um plano de ação para melhorar o que é possível melhorar", afirmou o ministro.
"Falei com Ordem dos Médicos, líderes sindicais para encontrar uma solução conjunta, mas isso não foi suficiente e decidiram esta estratégia, que lamento muito enquanto profissional, porque a vida humana não pode ser trocada por nenhuma reivindicação. Eu estou aqui aberto à espera da vontade deles para me voltar a sentar", sublinhou.
Questionado pela Lusa sobre se a detenção na sexta-feira de dois líderes sindicais do setor não agudizou a situação, o ministro disse que sim, mas que o assunto era com o Ministério Público.
"O Ministério da Saúde está à espera. Não aqui uma situação de querer criar mau estar ou criar dificuldades aos meus colegas de profissão, porque pertenço a esta profissão, e todas as reivindicações que estão a fazer hoje também me dizem respeito", afirmou.
Sobre a situação de caos que vive o setor com o novo boicote, que encerrou também postos de vacinação contra a covid-19, Dionísio Cumba disse que o "Governo está a trabalhar no circuito fechado para arranjar soluções".
"Vamos encontrar uma estratégia para voltar a dialogar. Vamos mostrar a nossa vontade e ver o que é possível ser resolvido", afirmou.
A detenção de dois dirigentes sindicais da saúde na sexta-feira levou os profissionais do setor a fazer um novo boicote.
A Liga Guineense dos Direitos Humanos exigiu hoje a "libertação imediata" dos sindicalistas detidos na sexta-feira pelo Ministério Público, considerando que se trata de uma tentativa restringir a liberdade sindical do país.
A organização não-governamental responsabilizou também o Governo pela "perda de vidas humanas decorrentes das paralisações sistemáticas do sistema de saúde" e exigiu a criação de diálogo entre as autoridades governamentais e as organizações sindicais.
A Liga Guineense dos Direitos Humanos exortou igualmente as organizações sindicais a "adequarem as suas lutas laborais aos ditames da lei da liberdade da greve e da liberdade sindical, evitando assim paralisações sem observância dos serviços mínimos".
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