A Europa, onde um terço do gás consumido é proveniente da Rússia, está confrontada com uma subida dos preços desta matéria-prima na sequência de um aumento do consumo, fortemente relacionado com a retoma económica após a melhoria da situação epidemiológica da pandemia de covid-19.
Vladimir Putin deu esta ordem diretamente ao presidente-executivo do gigante do gás russo, Alexei Miller, durante uma reunião realizada em formato virtual e dedicada ao desenvolvimento dos campos de gás na península de Yamal, uma região estratégica russa e a principal zona de produção do gás que a Rússia fornece à Europa.
Segundo Alexei Miller, a Gazprom prevê concluir o enchimento dos reservatórios russos -- num total de 72,638 mil milhões de metros cúbicos de gás - até 07 ou 08 de novembro, período após o qual poderá começar a aumentar o fornecimento para o território europeu.
"Peço-vos, após a conclusão do enchimento dos reservatórios subterrâneos de gás na Rússia (...), que iniciem um trabalho gradual e planeado para aumentar os volumes de gás nos reservatórios subterrâneos na Europa", declarou Putin, citado pelas agências internacionais, precisando que a medida visava em concreto a Alemanha (país com o qual partilha o projeto do gasoduto Nord-Stream 2) e a Áustria.
"Isto permitirá garantir as nossas obrigações contratuais de maneira confiável, estável e com ritmo e fornecer gás aos nossos parceiros europeus no outono e no inverno", reforçou o líder russo.
Vladimir Putin frisou ainda que a medida irá criar "uma situação mais favorável no mercado europeu de energia em geral".
Em meados deste mês, a Rússia tinha prometido aumentar o fornecimento de gás à Europa e estabilizar o mercado, perante o risco de que a persistência dos altos preços do combustível pudesse provocar, a longo prazo, graves danos à sua economia.
Segundo Moscovo, nos últimos anos, a União Europeia (UE) tem privilegiado as compras no mercado à vista (em que os ativos são comprados e vendidos para entrega imediata), que está sujeito a flutuações de preços, em vez de assinar contratos a longo prazo com a Gazprom.
A Rússia assegura que quer fornecer mais gás, mas afirma, no entanto, que pretende voltar à prática de acordos plurianuais.
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