COP26: Quénia alerta para risco de conferência ignorar países africanos 

O Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, lamentou hoje que os países africanos estejam em risco de não verem as suas circunstâncias especiais discutidas na 26.ª conferência do clima das Nações Unidas (COP26), em Glasgow.

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© Yves Herman - WPA Pool/Getty Images

Lusa
01/11/2021 19:22 ‧ 01/11/2021 por Lusa

Mundo

Uhuru Kenyatta

Na sua intervenção na Cimeira de Líderes Mundiais, o chefe de Estado queniano assumiu a missão de "amplificar a voz de África do Sul mundial" enquanto o país for membro do Conselho de Segurança da ONU, nos próximos dois anos. 

"Por toda a África, vulnerável ao impacto das alterações climáticas, os países já estão a sofrer danos de uma dimensão crescente e com maior frequência", afirmou. 

Por isso, manifestou-se "profundamente preocupado" por um ponto na agenda da conferência sobre as necessidades especiais e circunstâncias de África não ter sido adotado, apelando ao presidente da COP26, Alok Sharma, a intervir. 

Kenyatta chamou a atenção para a vulnerabilidade e baixa capacidade de adaptação dos países em desenvolvimento, cujos custos económicos com a perda e danos em 2030 foi estimado entre 290 mil milhões e 580 mil milhões de dólares, e pediu "maior ambição" e esforços no financiamento para medidas de mitigação e adaptação. 

As alterações climáticas, avisou, estão a "aumentar e a complicar novos e velhos conflitos" e o próprio país tem sido afetado por grandes inundações e secas, resultando numa perda anual de 3% a 5% do Produto Interno Bruno (PIB). 

Ainda assim, o Quénia está a implementar um plano para combater o aquecimento global, como acelerar a reflorestação até pelo menos 10% do território e atingir 100% de energia renovável em 2030, graças aos grandes projetos de energia geotérmica e eólica. 

"O Quénia está a cumprir a sua parte, mas estes são pequenos passos se tivermos em conta a enormidade do desafio", afirmou, receando que as "expectativas elevadas" com que chegou a Glasgow não sejam cumpridas. 

O Presidente queniano falava numa sessão de declarações nacionais, abertas a todos os chefes de Estado ou chefes de governo presentes, sobre as suas metas e planos para combater as alterações ambientais. 

As intervenções, que começaram com cerca de uma hora de atraso e estão a ultrapassar os três minutos previstos, decorrem paralelamente em duas salas, prolongando-se até terça-feira.

Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos reúnem-se até 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, na 26.ª Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre alterações climáticas (COP26) para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.

A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.

Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.

Leia Também: COP26. África pode perder 30% do PIB sem medidas urgentes

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