Na sua intervenção na Cimeira de Líderes Mundiais, o chefe de Estado queniano assumiu a missão de "amplificar a voz de África do Sul mundial" enquanto o país for membro do Conselho de Segurança da ONU, nos próximos dois anos.
"Por toda a África, vulnerável ao impacto das alterações climáticas, os países já estão a sofrer danos de uma dimensão crescente e com maior frequência", afirmou.
Por isso, manifestou-se "profundamente preocupado" por um ponto na agenda da conferência sobre as necessidades especiais e circunstâncias de África não ter sido adotado, apelando ao presidente da COP26, Alok Sharma, a intervir.
Kenyatta chamou a atenção para a vulnerabilidade e baixa capacidade de adaptação dos países em desenvolvimento, cujos custos económicos com a perda e danos em 2030 foi estimado entre 290 mil milhões e 580 mil milhões de dólares, e pediu "maior ambição" e esforços no financiamento para medidas de mitigação e adaptação.
As alterações climáticas, avisou, estão a "aumentar e a complicar novos e velhos conflitos" e o próprio país tem sido afetado por grandes inundações e secas, resultando numa perda anual de 3% a 5% do Produto Interno Bruno (PIB).
Ainda assim, o Quénia está a implementar um plano para combater o aquecimento global, como acelerar a reflorestação até pelo menos 10% do território e atingir 100% de energia renovável em 2030, graças aos grandes projetos de energia geotérmica e eólica.
"O Quénia está a cumprir a sua parte, mas estes são pequenos passos se tivermos em conta a enormidade do desafio", afirmou, receando que as "expectativas elevadas" com que chegou a Glasgow não sejam cumpridas.
O Presidente queniano falava numa sessão de declarações nacionais, abertas a todos os chefes de Estado ou chefes de governo presentes, sobre as suas metas e planos para combater as alterações ambientais.
As intervenções, que começaram com cerca de uma hora de atraso e estão a ultrapassar os três minutos previstos, decorrem paralelamente em duas salas, prolongando-se até terça-feira.
Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos reúnem-se até 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, na 26.ª Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre alterações climáticas (COP26) para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.
A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.
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