No total, três equipas percorreram em dez dias mais de 10.000 quilómetros de comboio, autocarro, carro elétrico, barco, bicicleta e trotinete desde Cascais até à 26.ª conferência do clima das Nações Unidas (COP26) no âmbito da iniciativa 'Climes to Go'.
Além do transporte, tiveram também de ter em conta o uso de água, não só para consumo, mas também para banhos, a alimentação e o alojamento para calcular a pegada carbónica.
Para tentar obter a melhor pontuação, que vai ditar o vencedor, ainda por determinar, as equipas tiveram de fazer "cedências", admitiu Tiago Marques, um dos participantes.
"Tivemos que calcular, por exemplo, a pegada hídrica e a pega carbónica da carne e a equipa teve de ter isso em conta", disse à agência Lusa este consultor em economia circular.
"Essa foi uma das cedências que fizemos desde o princípio, porque queríamos fazer um esforço para ver conseguiríamos passar estes 10 dias sem fazer algo que fazemos no dia-a-dia", contou.
Outra concessão coletiva, acrescentou, foi prescindir de banhos longos, "porque depois tudo vai ter impacto naquilo que é a performance da equipa".
Outro participante, João Batista, disse que a sua equipa percebeu ao longo da viagem que nem sempre a opção mais barata é a mais sustentável.
Por exemplo, os produtos alimentares nos supermercados estão embalados em muito plástico, mau para o ambiente, ao contrário de comida biológica comprada em lojas locais ou refeições em restaurantes vegetarianos.
Pelo caminho, foram conhecendo pessoas envolvidas em negócios ou iniciativas ligadas à sustentabilidade e essa, destacaram, foi uma das maiores aprendizagens.
Márcia Simões recorda a organização Koopera em Bilbao, que recolhe e distribui bens como roupa ou brinquedos usados, ou o comerciante José, que produz pimentos para serem vendidos localmente, pessoas que acreditam profundamente na sustentabilidade.
"Percebemos que as pessoas, por mais que tenham uma vida pequena em relação a grandes multinacionais, estão a fazer o trabalho deles", disse à Lusa.
Isso, acrescentou, "mostra que aquela pequena ação de reciclar, de ter em atenção qual o próximo carro que vamos comprar, de comprar ou não um painel solar, todas essas pequenas coisas fazem sentido. Acho que foi uma das lições que nós retirámos", confessou.
A equipa vencedora será conhecida em meados de novembro, após avaliado o impacto ambiental e social das opções de viagem.
Para Susana Carvalho, uma das promotoras da iniciativa através da agência de publicidade Earth Watchers, mais do que a competição, as equipas mostraram um grande companheirismo.
"Eles acham que ao fazer este desafio já venceram e o prémio já não lhes interessa tanto. Eles próprios não sabiam a importância que tinham e que as nossas escolhas individuais fazem a diferença. Esta foi a mensagem principal que quisemos passar", resumiu.
Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos reúnem-se até 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, na 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26) para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.
A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta a entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.
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