A forma como os talibãs rapidamente conquistaram cidade após cidade, até chegarem a Cabul e assumirem o controlo do Afeganistão já mereceu diversas críticas ao antigo governo afegão e ao exército. O exército sucumbiu ao avanço dos talibãs, com muitos soldados a desertarem.
No entanto, o antigo ministro das Finanças do Afeganistão enfatizou que os números reais de soldados e polícias eram muito inferiores aos que constavam nos registos governamentais e que, ao contrário do que se pensava, não eram muito superiores aos dos combatentes talibãs.
Numa entrevista à BBC, Khalid Payenda disse que a maioria dos 300 mil soldados e polícias do país não existia e culpou os responsáveis das forças de segurança, que acusa de terem inventado “soldados fantasma” e de serem corruptos.
Payenda referiu que os “soldados fantasma” eram acrescentados a listas oficiais para que os generais pudessem ficar com os seus salários.
“Podia perguntar-se ao chefe de uma província quantas pessoas tinha e baseado nisso podiam ser calculados salários e despesas com alimentação. Esses dados seriam sempre inflacionados”, afirmou Payenda.
O antigo ministro acrescentou que os dados podem ter sido inflacionados mais do que seis vezes e incluíram “deserções e mártires que nunca foram contabilizados porque alguns dos comandantes ficavam com os seus cartões bancários” e levantavam os salários.
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