Cuba devolve duas credenciais a jornalistas da Efe que as reclama todas

As autoridades cubanas restituíram hoje as credenciais de imprensa a dois dos jornalistas da equipa da agência Efe em Havana, uma decisão considerada "insuficiente" pela presidente da agência noticiosa espanhola, Gabriela Cañas, que exigiu a restituição de todas.

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Lusa
14/11/2021 21:31 ‧ 14/11/2021 por Lusa

Mundo

Cuba

As autoridades cubanas retiraram no sábado as credenciais de imprensa da equipa composta por seis jornalistas, designadamente três redatores, um fotojornalista, um repórter de vídeo e mais um fotojornalista colaborador.

A ação foi condenada pela União Europeia (UE), que pediu "esclarecimentos", porque tal poderá significar uma "grave violação da liberdade de expressão".

Hoje, o Centro de Imprensa Internacional (CPI) de Cuba comunicou a nova decisão a uma redatora e a um operador de câmara da delegação da Efe, mas a presidente da Efe exigiu que sejam devolvidas todas, e o embaixador de Espanha em Havana, Ángel Martín Peccis, está a diligenciar para que todos as recuperem para prosseguirem o seu trabalho, reportou a Efe com base em fontes oficiais.

A situação ocorreu no sábado, a dois dias da manifestação marcada pela oposição, para segunda-feira, para exigir a libertação dos prisioneiros políticos, e já levou o Ministério das Relações Exteriores espanhol a pedir explicações à embaixada de Cuba, em Madrid.

Há um mês e meio, as autoridades cubanas também retiraram as credenciais ao coordenador da redação da Efe em Havana e encontra-se pendente o visto de imprensa ao novo responsável daquela delegação.

A decisão de sábado provocou uma onda de condenações por parte de entidades de defesa dos direitos de imprensa e o Departamento de Estado dos Estados Unidos também pediu a restituição de todas as credenciais à equipa espanhola.

"Revogar as credenciais a jornalistas da Efe horas antes de protestos pacíficos planeados é outro método através do qual o regime cubano pretende esmagar a liberdade de informação", assinalou, no Twitter, o subsecretário de Estado do gabinete de Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado, Brian A. Nichols.

Também o relator especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana dos Direitos Humanos, Pedro Vaca, condenou o que qualificou de medida "caprichosa e arbitrária".

A partir da sua sede, em Viena, o Instituto Internacional de Imprensa (IPI), uma rede global de proprietários e editores de meios de comunicação, condenou igualmente a medida cubana.

Por seu turno, a Federação Internacional de Jornalistas (FIP) condenou a medida e considerou-a "um atentado inaceitável à liberdade de informação".

"Exigimos que o Governo cubano devolva as credenciais de imprensa e permita que todos os jornalistas trabalhem livremente", afirmou o secretário-geral da FIP, Anthony Bellanger, em declarações à Efe.

A decisão de retirar as credenciais de imprensa à equipa da Efe em Havana ocorre num momento delicado em Cuba, com uma marcha cívica convocada pela oposição para a próxima segunda-feira, a fim de exigir uma mudança política na ilha e a libertação dos presos políticos, manifestação que foi proibida pelas autoridades cubanas, que acusam os organizadores de serem pagos pelos Estados Unidos para tentar derrubar o regime.

Na sexta-feira, o Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, disse que os seus apoiantes estão "prontos para defender a revolução", face à manifestação planeada pela oposição para segunda-feira, para exigir a libertação dos prisioneiros políticos.

Miguel Díaz-Canel afirmou que Cuba enfrenta "uma estratégia do império [Estados Unidos] para tentar destruir a revolução", mas assegurou que o país está preparado para a defender.

Também na sexta-feira, a administração norte-americana exortou o Governo cubano a permitir a marcha cívica e a evitar o uso de violência, ameaçando com novas sanções caso haja repressão sobre os manifestantes.

Na quinta-feira, Yunior Garcia, um dramaturgo de 39 anos, principal organizador da manifestação de 15 de novembro, anunciou a intenção de marchar sozinho no domingo numa avenida em Havana, em vez de na segunda-feira, como previsto no apelo à manifestação, para evitar qualquer violência.

Garcia denunciou ter sido ameaçado pela polícia com a prisão se levasse a cabo o protesto.

Os promotores da manifestação mantiveram, no entanto, o apelo para a realização do evento na segunda-feira.

O apelo para participar no protesto ocorre num cenário de profunda crise económica, quatro meses após as históricas manifestações antigovernamentais de 11 de julho, quando milhares de cubanos saíram às ruas gritando "Liberdade" ou "Estamos com fome".

Essas manifestações resultaram numa morte, dezenas de feridos e na detenção de 1.175 pessoas, 612 das quais continuam presas, de acordo com a organização não-governamental (ONG) de direitos humanos Cubalex.

Leia Também: EUA apelam a regime cubano para autorizar manifestação da oposição

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