O regresso ao teletrabalho e o reforço da vacina ou a sua obrigatoriedade em alguns setores de atividade são medidas já adotadas ou que estão a ser estudadas por muitos países europeus, que tentam evitar confinamentos abrangentes.
ÁUSTRIA
A Áustria impôs esta semana um confinamento às pessoas não vacinadas, que só podem sair por motivos justificados, mas dois Estados - Salzburgo e Alta Áustria -- decidiram já que vão alargar a medida também às pessoas vacinadas.
Estas são as regiões onde a taxa de vacinação -- só 65% da população do país está imunizada - é mais baixa e a incidência de infeções e o risco de colapso do sistema de saúde são maiores.
Nas duas semanas em que foram aplicadas as restrições aos não vacinados, o número de pessoas a vacinarem-se com a primeira dose no país cresceu 3,4%, duplicando o ritmo das duas semanas anteriores mas ainda assim muito baixo.
Com este panorama, o Governo austríaco decidirá esta sexta-feira se alarga o confinamento a toda a população.
PAÍSES BAIXOS
No sábado, os holandeses iniciaram um confinamento parcial de três semanas, anunciado pelo primeiro-ministro, Mark Rute, que sustentou que "o vírus está por todo o lado, em todo o país, em todos os setores e atingindo todas as faixas etárias".
Os bares, os restaurantes e os estabelecimentos de bens essenciais, como os supermercados, encerram às 20:00 (19:00 em Lisboa) e as lojas não-essenciais, às 18:00 (17:00 em Lisboa).
Os holandeses não devem receber mais de quatro pessoas ao mesmo tempo em casa e devem adotar o teletrabalho sempre que possível, os protestos públicos estão proibidos e os jogos de futebol decorrem à porta fechada. As escolas mantêm-se, todavia, abertas.
O pico de covid-19 surgiu apesar de 82% dos holandeses com mais de 12 anos terem a vacinação completa e as novas restrições foram adotadas depois de os hospitais alertarem que não conseguiriam enfrentar o inverno nas atuais condições.
ALEMANHA
O Governo alemão decidiu hoje aplicar em todo o país algumas restrições a não vacinados, como a exclusão de certos locais públicos.
A chanceler cessante, Angela Merkel, anunciou no final de uma reunião de crise com as autoridades dos Estados regionais que só pessoas vacinadas ou que superaram a covid-19 podem aceder a locais públicos como restaurantes ou salas de concertos.
A medida será aplicada logo que o limiar de hospitalização exceda três doentes covid por 100.000 habitantes, situação que já se vive na maioria das regiões do país.
Outras medidas, como a vacinação obrigatória para trabalhadores de alguns setores, incluindo a saúde, a recomendação do teletrabalho e a apresentação do certificado covid-19 no trabalho e nos transportes públicos estão a ser equacionadas.
A câmara baixa do Parlamento aprovou, com os votos dos sociais-democratas, Verdes e Liberais, o novo quadro jurídico com base no qual os três partidos, que negoceiam a formação de um governo de coligação, querem poder aplicar essas medidas, se necessário. Algumas podem não passar na câmara alta, bloqueadas pelos conservadores da CDU, que lideram o atual Governo.
IRLANDA
Bares, clubes e restaurantes na Irlanda voltam a fechar à meia-noite a partir de hoje, anunciou na terça-feira o Governo de Dublin ao apresentar uma série de medidas destinadas a combater a subida de casos de covid-19.
A hotelaria tinha recuperado os horários habituais no dia 22 de outubro, depois de ter cumprido desde janeiro um horário de fecho antecipado, mas a evolução da pandemia é novamente "preocupante", disse o primeiro-ministro irlandês, Micheál Martin.
O executivo concordou por isso que a partir de sexta-feira, as pessoas devem trabalhar a partir de casa, a menos que a sua presença no local de trabalho seja essencial, e será obrigatório apresentar o certificado europeu de vacinação nos cinemas, como já acontece também na hoteleira.
Os meios de comunicação locais dizem que o Executivo irlandês acredita que será necessário introduzir mais restrições nas próximas semanas, mas Martin indicou que não contempla decretar confinamentos mais alargados, num país onde mais de 90% dos maiores de 12 anos estão imunizados.
BÉLGICA
A Bélgica estendeu o uso obrigatório de máscaras a partir dos 10 anos e decidiu que o teletrabalho é obrigatório, na tentativa de controlar uma nova vaga de casos de covid-19 no país.
O teletrabalho, sempre que possível, passou esta semana e pelo menos até 12 de dezembro a ser obrigatório quatro dias por semana.
"Os sinais de alarme estão a piscar no vermelho", disse o primeiro-ministro Alexander De Croo, acrescentando que o uso obrigatório do mascaras em locais lotados inclui agora as crianças a partir dos 10 anos, quando anteriormente era a partir dos 12.
REPÚBLICA CHECA
A República Checa encontra-se no pior ponto da pandemia, com um crescimento exponencial de infeções que excedeu os níveis mais elevados do ano passado.
O primeiro-ministro checo, Andrej Babis, anunciou por isso hoje que as pessoas não vacinadas ou que não tenham recuperado da infeção serão proibidas de aceder a eventos e serviços públicos a partir de segunda-feira.
Estas restrições significam que os testes negativos deixarão de ser reconhecidos como qualificação para entrar em eventos e estabelecimentos de serviços, disse Babis.
HUNGRIA
Os trabalhadores do setor da saúde na Hungria devem ser vacinados com dose de reforço e o uso de máscaras será novamente obrigatório em espaços fechados, anunciou hoje o governo.
A partir de sábado o uso de máscaras em espaços fechados será obrigatório no país, medida que afeta, entre outros, cinemas, teatros, museus, bem como edifícios e serviços públicos.
Nas escolas, nas faculdades e nas universidades, será o diretor a decidir sobre o uso obrigatório de máscaras, decisões adotadas depois de a Câmara dos Médicos (MOK) húngara ter pedido mais restrições.
Nos últimos dias, as autoridades de saúde da Hungria, um país de 9,7 milhões de habitantes, registaram mais de 10.000 novos casos diários de coronavírus, enquanto o de mortos ultrapassou os 100.
FRANÇA
O Governo francês admite reintroduzir o teletrabalho para travar uma nova vaga do coronavírus, que provocou mais de 10.000 contágios diários na semana passada e esta segunda-feira atingiu quase os 20.000.
O ministro de Saúde, Olivier Véran, disse esta quarta-feira que a situação não justifica voltar aos confinamentos, sobretudo porque a pressão nos hospitais não é preocupante.
Neste contexto, disse, o teletrabalho "faz parte das medidas que o Governo poderia adotar" se a situação piorar.
A França inicia em dezembro a vacinação de reforço para maiores de 50 anos, já a acontecer para pessoas com mais de 65 anos ou com outros fatores de risco.
ITÁLIA
Em Itália, entrou em vigor esta quarta-feira a obrigação de apresentar o certificado sanitário nos meios de transporte, incluindo os táxis, o que já acontecia desde 15 de outubro para trabalhar, tanto no setor público como no privado.
A única medida mais alargada de controlo da pandemia é o uso obrigatório de máscara em locais fechados, mas hoje as regiões italianas pediram ao Governo central que "reveja" as medidas face ao aumento dos casos.
Devido a um cenário controlado, mas com os contágios a crescer - esta quarta-feira Itália ultrapassou as 10.000 infeções pela primeira vez desde maio e hoje registou 10.638 - a maioria dos governadores da regiões propôs que, em caso de imposição de novas limitações, estas afetem apenas os não vacinados.
SUÉCIA
A Suécia vai exigir a partir de 01 de dezembro, pela primeira vez, certificado de vacina contra a covid-19 em eventos em espaços fechados com mais de 100 pessoas.
Apesar de ter atualmente poucos casos, ao contrário de muitos países europeus, o país "não está isolado do resto do mundo", justificou a ministra da Saúde, Lena Hallengren, em conferência de imprensa esta quarta-feira.
O país nórdico, que tinha decidido deixar de testar as pessoas totalmente vacinadas contra a covid-19, mesmo em caso de sintomas, decidiu também reverter esta decisão.
A Suécia distinguiu-se na gestão da pandemia nas vagas anteriores pela aplicação de poucas medidas restritivas e uma estratégia baseada em recomendações e não na coerção, com utilização muito limitada de máscaras de proteção em espaços públicos.
GRÉCIA
Hoje o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis , anunciou que a partir de segunda-feira os não vacinados estarão proibidos de entrar nos espaços fechados, com exceção dos restaurantes.
Até agora os não vacinados podiam entrar nos espaços fechados após a realização de um teste covid-19 negativo.
A Grécia impôs em setembro a vacinação obrigatória para os trabalhadores da saúde, bem como os dos centros seniores.
ESPANHA
O aumento de casos, apesar de não haver pressão importante nos hospitais, está a fazer com que algumas comunidades autónomas espanholas admitam utilizar o certificado covid-19 como instrumento para conter os contágios.
O País Basco, por exemplo, já solicitou autorização aos tribunais para poder exigir certificados de vacinação para o acesso a restaurantes e locais de vida noturna.
Também a Galiza pediu aos tribunais autorização para exigir o passe covid-19 ou um teste negativo para as visitas a doentes em hospitais e para os trabalhadores da saúde.
A incidência acumulada de contágios de covid-19 em Espanha subiu para 88,6 casos diagnosticados por cada 100.000 habitantes nos últimos 14 dias, mais 50% do que no início do mês.
RÚSSIA
Fora da Comunidade Europeia, a Rússia é um dos países com a situação mais grave, com mais de 1.200 mortes de covid-19 pelo oitavo dia consecutivo, aproximando-se do número máximo de mortes - 1.241 - registadas no sábado passado, informaram as autoridades locais.
Dado o agravamento da situação epidémica, o Governo enviou ao parlamento um projeto de lei para implementar o uso obrigatório de um passe em locais públicos e transportes que, se aprovado pelos deputados, entrará em vigor a partir de 1 de fevereiro.
Até lá, os não vacinados poderão aceder a estabelecimentos e utilizar outros serviços não essenciais com um teste de PCR negativo.
A OMS estima que até fevereiro possam ocorrer mais 500 mil mortes devido à covid-19. Na semana passada advertia que "alguns países estão numa situação em que será difícil não implementar medidas restritivas" e naqueles em que a situação não é tão alarmante recomendava: "evitar espaços congestionados, trabalhar a partir de casa e manter distância social".
A covid-19 já provocou pelo menos 5.122.682 mortes em todo o mundo, entre mais de 254,95 milhões de infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia no final de 2019, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
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