Etiópia anuncia restrições à divulgação de informações sobre guerra

A Etiópia, onde os rebeldes que lutam há mais de um ano contra as forças governamentais ameaçam marchar sobre a capital, Adis Abeba, anunciou esta quinta-feira à noite novas restrições à divulgação de informações sobre a guerra civil.

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Lusa
26/11/2021 13:14 ‧ 26/11/2021 por Lusa

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Etiópia

Foi decretado que agora é "proibido divulgar, através de qualquer meio de comunicação, qualquer movimento militar consequente [da guerra] no campo de batalha" que não tenha sido oficialmente publicado pelo Governo.

"As forças de segurança tomarão as medidas necessárias contra aqueles que forem apanhados a violar este decreto", prossegue o texto, possivelmente visando as contas dos meios de comunicação social que relatam ganhos territoriais reivindicados pelos separatistas da Frente de Libertação do Povo de Tigray (TPLF).

A natureza destas "medidas" não foi especificada pelo executivo.

O Governo também proibiu a população de "utilizar diferentes tipos de plataformas de meios de comunicação para apoiar direta ou indiretamente o grupo terrorista".

Sob estado de emergência declarado no início de novembro, as autoridades podem, entre outras coisas, suspender os meios de comunicação social suspeitos de "prestar apoio moral direto ou indireto" à TPLF.

O novo decreto também proíbe os apelos a "um Governo de transição".

Na quarta-feira, um partido Oromo, o Congresso Federalista Oromo (OFC), apelou à cessação das hostilidades e ao estabelecimento de uma "administração provisória" que abriria negociações com todas as partes para formar um "Governo de transição nacional totalmente inclusivo".

A guerra em Tigray começou em novembro de 2020 quando o primeiro-ministro etíope enviou para lá o exército para retirar as autoridades da TPLF, que desafiaram a sua autoridade e que foram acusados de atacar bases militares.

Abiy declarou a vitória três semanas mais tarde após a captura da capital regional, Mekele.

Todavia, em junho, a TPLF retomou a maior parte de Tigray e continuou a sua ofensiva nas regiões vizinhas de Amhara e Afar, ameaçando agora Adis Abeba.

Os combates já mataram milhares e levaram centenas de milhares de pessoas a condições de carência, nomeadamente de fome, segundo as estimativas das Nações Unidas (ONU).

O enviado especial da União Africana (UA) para o Corno de África, o antigo presidente Olusegun Obasanjo, está a liderar os esforços diplomáticos para conseguir um cessar-fogo, mas poucos progressos foram feitos até agora.

A empresa estatal etíope Fana Broadcasting Corporate informou, quarta-feira, que Abiy está agora "a liderar a contra-ofensiva" e "a dirigir o campo de batalha desde ontem", dizendo que, em Adis Abeba, o vice-primeiro-ministro Demeke Mekonnen está agora a gerir "os assuntos do dia-a-dia".

A TPLF quer que o Governo e as forças aliadas se retirem de Tigray ocidental, enquanto o executivo quer que a força separatista se retire de Amhara e Afar.

Os líderes da TPLF também disseram que pretendem quebrar o que descrevem como um "cerco" humanitário de Tigray, onde poucos recursos de ajuda humanitária conseguiram ser entregues.

Na quarta-feira, o gabinete de coordenação humanitária das Nações Unidas disse que cerca de 40 camiões que transportavam alimentos, e outras ajudas, tinham partido para Tigray vindos de Semera, a capital de Afar.

"Este é o primeiro comboio desde 18 de outubro", declarou o gabinete.

Mas "camiões que transportam combustível e material médico continuam à espera, em Semera, da autorização das autoridades", explicou a ONU.

A ONU também fez o seu primeiro voo humanitário de Adis Abeba para Mekele esta semana, uma vez que tais voos foram suspensos em outubro devido a uma campanha de ataques aéreos governamentais na região.

Estes recentes desenvolvimentos no conflito preocuparam a comunidade internacional e vários países, incluindo os Estados Unidos, o Reino Unido e a França apelaram aos seus cidadãos para deixarem a Etiópia.

Leia Também: Etiópia: Adis Abeba acusa EUA de divulgar informações falsas

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