Presidente da Tanzânia destaca avanços nos direitos civis

A Presidente da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan, saudou hoje o progresso do seu país durante as comemorações dos 60 anos de independência do colonato britânico, em 1961, que enfrenta agora uma conjuntura de preocupações crescentes face aos direitos civis.

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© AFP via Getty Images

Lusa
09/12/2021 14:13 ‧ 09/12/2021 por Lusa

Mundo

Samia Suluhu Hassan

A antiga colónia britânica conhecida como Tanganica ganhou a independência antes de se tornar oficialmente Tanzânia, após a fusão com Zanzibar três anos mais tarde em 1964.

A Tanzânia adotou uma democracia multipartidária em 1992, mas os últimos anos têm sido marcados por numerosos abusos de liberdade aos seus cidadãos, particularmente sob a administração do antecessor de Hassan, John Magufuli, que esteve no poder entre 2015 e 2021.

"O sucesso que tivemos nos últimos 60 anos de independência foi possibilitado por uma administração democrática e pelo Estado de Direito", declarou Samia Suluhu Hassan num discurso à nação na noite de quarta-feira.

"O nosso país [estabeleceu] um sistema que permite aos cidadãos exercer a sua liberdade de expressão sem quaisquer restrições", disse, observando que o número de meios de comunicação aumentou de um em 1961 para centenas hoje.

Samia Suluhu Hassan tornou-se a primeira mulher líder da Tanzânia em março após a morte súbita de John Magufuli, de quem foi vice-presidente.

A Presidente mostrou sinais de rutura com o seu antecessor, apelidando-o de "o bulldozer", pelo seu estilo autoritário, dizendo que estava pronta a defender a democracia e as liberdades fundamentais.

Todavia, a detenção no final de julho do líder do principal partido da oposição, Freeman Mbowe, acusado de "terrorismo", lançou dúvidas sobre as suas intenções e alguns dos seus críticos descrevem-na abertamente como uma "ditadora".

A investigadora do Instituto de Estudos de Segurança (ISS) Ringisai Chikohomero afirmou que Samia Suluhu Hassan está presa pela sua dependência dos apoiantes do Magufuli no Chama Cha Mapinduzi (CCM), o partido no poder desde a independência.

"Ela ainda tem de construir a sua própria base de apoio", disse a investigadora à agência de notícias France-Presse (AFP).

"Tem de cumprir a linha do partido ou pode ser expulsa", explicou.

Num movimento que vai contra o Magufuli, a chefe de Estado reabriu alguns meios de comunicação proibidos, trouxe um crítico do seu antecessor para o Governo e inverteu a proibição de raparigas grávidas e mães adolescentes irem à escola.

Lançou também uma campanha de vacinação contra a covid-19, enquanto Magufuli tinha constantemente minimizado o impacto do coronavírus e se recusava a tomar medidas para conter a pandemia.

Porém, o seu "espaço de manobra dentro do CCM é bastante limitado", concluiu a investigadora.

As divisões internas do partido tornaram-se públicas no sábado, quando Hassan acusou alguns rivais de tentarem difamar a sua liderança com acusações de corrupção.

Em agosto, o Governo suspendeu um jornal de propriedade do CCM por publicar um artigo dizendo que Hassan não se candidataria às eleições de 2025.

Leia Também: Presidente da Tanzânia defende qualidade da democracia no país

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