Turquia revela avanços para normalizar relações diplomáticas com Arménia

O Governo da Turquia divulgou hoje os primeiros passos para normalizar as relações com a Arménia, após décadas de conflito e relações diplomáticas cortadas, através da nomeação de representantes oficiais e o restabelecimento de voos diretos.

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Lusa
13/12/2021 23:59 ‧ 13/12/2021 por Lusa

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Turquia

"Em breve vamos nomear mutuamente um enviado especial, como um passo para normalizar as relações com a Arménia", revelou o ministro dos Negócios Estrangeiros, durante um debate no Parlamento turco.

Mevlüt Çavusoglu, citado pelo jornal Hürriyet, acrescentou que os passos serão dados ao mesmo tempo entre os dois países.

O governante destacou ainda que terão início os voos para Erevan, a capital da Arménia.

A Turquia não tem relações diplomáticas com o país vizinho desde que a Arménia, que pertenceu à União Soviética, ocupou em 1993 o território do Azerbaijão, Nagorno-Karabakh.

Desde então, a fronteira entre os dois países foi fechada e as tensões políticas permanecem, exacerbadas pela recusa de Ancara em reconhecer como "genocídio" os massacres de arménios cometidos pelas forças turcas em 1915, nos últimos anos do Império Otomano.

A Turquia apoia ainda os Azerbaijão no conflito com a Arménia sobre Nagorno-Karabakh, que fazia parte da república soviética do Azerbaijão, apesar de ser maioritariamente povoado por arménios.

'Drones' armados, de fabrico turco, foram decisivos na guerra de 2020, na qual o Azerbaijão recuperou grandes extensões do seu território, até então sob controlo arménio.

Embora Nagorno-Karabakh permaneça sob controlo da Arménia, com proteção das forças russas, Baku e Ancara interpretaram o resultado da guerra como uma vitória, abrindo portas à normalização das relações com Erevan.

Já em 2009, turcos e arménios tinham assinado um acordo de normalização, mas o processo foi congelado devido ao desacordo sobre a delimitação da fronteira comum e quando a Arménia retomou o debate sobre reivindicações territoriais e indemnizações pelo genocídio de 1915.

Nagorno-Karabakh, enclave separatista arménio em território do Azerbaijão, país vizinho do Irão, que, em setembro e outubro de 2020, foi palco de violentos combates entre forças dos dois países, ganhos por Baku, conflito que provocou cerca de 6.500 mortos.

Território do Império Russo disputado pela Arménia e Azerbaijão durante a guerra civil após a revolução bolchevique de 1917, Nagorno-Karabakh, habitado maioritariamente por arménios, foi anexado em 1921 por Estaline à República Socialista Soviética do Azerbaijão, tendo obtido, a partir de 1923, um estatuto autónomo.

Em fevereiro de 1988, ainda sob o controlo da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), é desencadeada uma violência interétnica entre o Azerbaijão, maioritariamente muçulmano, e a Arménia, de maioria cristã.

A 10 de dezembro de 1991, Nagorno-Karabakh proclama unilateralmente a independência de Baku, com o apoio de Erevan, tendo como pano de fundo a desagregação da então URSS.

Após o fim da URSS, o exército soviético abandonou a região, deixando as armas para trás, o que conduziu a uma escalada do conflito, marcado por duas grandes ofensivas das forças arménias em 1992 e 1993.

A 17 de maio de 1994, entra em vigor um acordo de cessar-fogo negociado por Moscovo. Na altura, a Arménia controlava cerca de um quinto do território do Azerbaijão, bem como Nagorno-Karabakh.

A guerra provocou perto de 30.000 mortes, tendo milhões de pessoas fugido aos combates.

Leia Também: Turquia deteta os primeiros seis casos da variante Ómicron

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