"Algumas forças estrangeiras, sob o pretexto de defenderem a liberdade de imprensa, envolveram-se numa linguagem irresponsável", disse em Pequim o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Zhao Lijian, citado pela agência de notícias France-Presse.
Zhao reagia a críticas da União Europeia, do Canadá e dos Estados Unidos da América ao encerramento do portal de notícias Stand News, frequentemente ligado ao movimento pró-democracia de Hong Kong, depois de os seus sete jornalistas terem sido detidos.
O porta-voz da diplomacia chinesa defendeu o encerramento do Stand News, dizendo que "a liberdade de expressão não pode ser usada como abrigo para atividades criminosas".
Zhao rejeitou as críticas estrangeiras, dizendo que nenhum país "tem o direito de interferir nos assuntos de Hong Kong".
Uma das críticas mais duras foi feita pelo secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, que acusou a China de prejudicar a credibilidade de Hong Kong.
"Ao silenciar os 'media' independentes, a China e as autoridades locais minam a credibilidade e viabilidade de Hong Kong", disse Blinken na quarta-feira, em comunicado.
"As autoridades que têm confiança em si próprias e não têm medo da verdade acolhem uma imprensa livre", acrescentou o chefe da diplomacia dos Estados Unidos.
Duas das sete pessoas detidas na quarta-feira, na operação policial contra o 'site' de notícias, foram acusadas hoje de sedição, anunciou a polícia local.
A Associação de Jornalistas de Hong Kong afirmou, na quarta-feira, estar profundamente preocupada com as detenções, notando que, este ano, a polícia deteve vários responsáveis de meios de comunicação social.
Em comunicado, a associação pediu ao Governo de Hong Kong para proteger a liberdade de imprensa de acordo com a Lei Básica, a miniconstituição do território.
Pouco depois das detenções, o Stand News anunciou o encerramento imediato da sua atividade e o despedimento de todos os seus funcionários.
O Stand News, considerado popular entre a oposição local, é a segunda empresa de comunicação social de Hong Kong a ser visada pelas autoridades.
Em junho, o jornal Apple Daily encerrou a sua atividade, depois de os bens terem sido congelados e os executivos detidos, ao abrigo da lei de segurança nacional imposta por Pequim em julho de 2020.
A antiga colónia britânica de Hong Kong foi integrada na República Popular da China em 1997, com o estatuto de Região Administrativa Especial, que lhe garantia um elevado grau de autonomia, semelhante ao que foi atribuído, dois anos depois, ao vizinho território de Macau.
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