"O ACNUR está profundamente alarmado com a deterioração das condições dos refugiados eritreus nos campos de Tigray", afirmou o porta-voz do ACNUR, Boris Cheshirkov, numa conferência de imprensa na sede da agência da ONU em Genebra.
Para o ACNUR, esta situação coloca estes refugiados "em grande perigo".
Decorridas três semanas sem acesso às zonas de concentração dos refugiados eritreus devido à situação de segurança, o pessoal do ACNUR conseguiu chegar aos campos de Mai Aini e Adi Harush em Tigray no início desta semana, pela primeira vez desde os recentes ataques aéreos que atingiram os campos e áreas circundantes.
"Os refugiados informaram o ACNUR do aumento de mortes evitáveis - mais de 20 nas últimas seis semanas - ligadas à deterioração da situação e, em particular, à falta de medicamentos e de serviços de saúde", revelou Cheshirkov.
"A nossa equipa encontrou refugiados assustados e a lutar para conseguir o suficiente para comer, sem medicamentos e com pouco ou nenhum acesso a água potável", acrescentou o porta-voz do ACNUR.
Segundo a organização da ONU, as clínicas integradas nestes campos estão praticamente fechadas desde o início de janeiro, depois de terem ficado sem medicamentos, e o risco de "fome extrema" é cada vez maior.
"Os refugiados dizem-nos que tiveram de vender as suas roupas e que poucos pertences têm agora para tentar obter comida", disse Cheshirkov.
Tigray é um cenário de conflito armado há 14 meses entre o Governo federal e antigas autoridades locais do estado no norte da Etiópia, membros da Frente de Libertação do Povo do Tigray (TPLF, na sigla em inglês), um partido que governou toda a Etiópia durante quase 30 anos até que o atual primeiro-ministro, Abiy Ahmed, assumiu o poder em abril de 2018.
O estado etíope encontra-se sob um "bloqueio de facto", que mergulhou a região numa grave crise humanitária, de acordo com a ONU.
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