ONU pede 733,1 milhões de euros para ajudar 6,2 milhões em Myanmar
As Nações Unidas necessitam de 826 milhões de dólares (733,1 milhões de euros) para atender às necessidades de 6,2 milhões de pessoas em Myanmar (antiga Birmânia) este ano, afirmou hoje um porta-voz da organização.
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Mundo Myanmar
Este valor representa "mais do dobro" dos fundos solicitados no ano passado, disse o porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA), Jens Laerke.
Segundo o porta-voz, este "plano mais ambicioso (...) reflete a crescente crise" no país, que enfrenta dificuldades desde o golpe de Estado há precisamente um ano, encerrando uma década de transição democrática.
A ONU declarou que dos 54 milhões de habitantes do país, 25 milhões vivem na pobreza e 14,4 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária, incluindo cinco milhões de crianças.
"O conflito e a insegurança aumentaram em muitas partes do país e mais de 400.000 pessoas foram deslocadas desde que os militares tomaram o poder, há um ano", disse Laerke.
"Milhares de pessoas deslocadas vivem em condições terríveis, muitas em campos e locais para pessoas deslocadas, outras em comunidades que os acolhem e algumas cruzaram fronteiras para a Tailândia e a Índia ou refugiaram-se na selva sem alimentação adequada, abrigo, saneamento, proteção ou assistência médica adequadas", adiantou.
Os fundos solicitados para ajudar a população birmanesa baseiam-se "numa avaliação objetiva das necessidades" existentes no país, segundo o porta-voz, que sublinhou as necessidades humanitárias "preocupantes" nas cidades.
Laerke pediu que as agências humanitárias tenham acesso aos locais de deslocados internos para que possam avaliar as necessidades das pessoas, um "acesso direto e desimpedido àqueles que estimamos que precisam de assistência", precisou.
Um ano após o golpe de Estado militar em Myanmar, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo de Unidade Nacional (GUN), autoproclamado como autoridade legítima contra os militares birmaneses, exortou hoje a comunidade internacional a "tomar mais ações" para apoiar a luta do povo birmanês.
Numa entrevista por escrito à agência de notícias EFE e a partir de um lugar "seguro" em Myanmar, U Moe Zaw Oo, enfatizou que não bastam pressões e sanções contra a junta militar birmanesa.
"Embora os Governos estrangeiros não possam anunciar que nos reconhecem formalmente, podem fazer muito mais para nos ajudar, apoiar nossa luta e a de nosso povo", disse o responsável.
"(O exército birmanês) tem o apoio daqueles que estão dispostos a exercer o seu direito de veto no Conselho de Segurança da ONU para os apoiar", denunciou U Moe Zaw Oo, numa referência velada à China e à Rússia, os principais fornecedores de armas ao Tatmadaw -- o exército birmanês.
O vice-ministro apelou ainda aos Governos estrangeiros para que ajudem a levar assistência humanitária às áreas mais pobres de Myanmar.
Hoje, o Governo de Unidade Nacional birmanês foi indicado para o Prémio Nobel da Paz de 2022.
"Propus o Governo de Unidade Nacional birmanês para o Prémio Nobel da Paz. É o único governo legítimo de Myanmar", declarou à agência de notícias AFP Ola Elvestuen, deputado do pequeno Partido Liberal norueguês.
O golpe de 01 de fevereiro de 2021 mergulhou o país numa profunda crise política, social e económica, e abriu uma espiral de violência com novas milícias civis.
Segundo a organização não-governamental Associação de Assistência aos Presos Políticos (AAPP), 11.838 pessoas foram detidas desde o golpe, dos quais 8.835 ainda estão presos e 661 foram condenados a penas de prisão por um tribunal, incluindo a líder civil deposta Aung San Suu Kyi.
O exército justifica o golpe com uma alegada fraude durante as eleições gerais de novembro de 2020, que o partido de Suu Kyi venceu, como em 2015, com o aval de observadores internacionais, mas cujo resultado foi anulado.
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Lusa/fim
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