"É lamentável que a China tenha escolhido politizar um evento como os Jogos Olímpicos. Desejo informar que o nosso encarregado de negócios na embaixada da Índia em Pequim não vai assistir à cerimónia de abertura, nem à de encerramento", afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Arindam Bagchi, em conferência de imprensa.
A Índia tomou esta decisão após um membro do Exército Libertação Popular da China (ELP), que esteve envolvido num sangrento conflito fronteiriço nos Himalaias contra soldados indianos em 2020, ter feito parte, na quarta-feira, do tradicional percurso da tocha olímpica, segundo o jornal chinês Global Times.
Esse confronto, que aconteceu no vale de Galwan, foi a pior crise fronteiriça entre os dois países em 45 anos e resultou na morte de 20 soldados indianos, enquanto outros 76 ficaram feridos.
Por seu lado, a China reconheceu a morte de quatro dos seus soldados.
Nas redes sociais indianas houve apoio à decisão de não enviar representação política ao evento, e a emissora pública Prasar Bharati - a cargo da Rede de Televisão Doordarshan e da All India Radio -- anunciou que não transmitiria ao vivo as cerimónias de abertura e encerramento.
A Índia tem apenas um representante nos Jogos Olímpicos de Inverno: o esquiador Arif Khan, que vai competir na categoria de esqui alpino masculino.
Nos últimos meses, países como os Estados Unidos, Reino Unido e Austrália anunciaram um boicote diplomático contra Pequim2022 pela situação dos direitos humanos na China, especialmente pelo tratamento da minoria uigure na região de Xinjiang, no noroeste.
Apesar do anúncio, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, confirmaram a sua participação no evento, bem como representantes de vários países como Espanha, Argentina, Equador, Paquistão, Rússia, entre outros.
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