O colonato -- ilegal como o resto dos colonatos, segundo o direito internacional, e, neste caso também não legalizado por Israel -- foi esvaziado em julho de 2021, após um acordo entre colonos e autoridades que previa que o lugar permaneceria de pé e com uma base do exército para o patrulhar até ser definido o seu estatuto legal.
A rápida construção deste colonato, na primavera do ano passado, criou também fortes tensões com os palestinianos da aldeia de Beita, próxima da cidade de Nablus, que desde maio participam semanalmente em protestos, que prosseguiram mesmo após a evacuação do colonato e se mantêm até ao presente.
Os palestinianos reclamam a terra como sua e opõem-se à existência do colonato. Desde o início dos protestos, as forças israelitas mataram nove pessoas em confrontos e centenas ficaram feridas.
Hoje, registou-se mais uma ronda de protestos, que terminou com dois feridos por munições reais e sete por balas de metal cobertas de borracha.
O caso do colonato de Eviatar voltou a ocupar as manchetes esta semana, quando foi noticiado que o procurador-geral cessante, Avijai Mandeblit, emitiu um parecer legal favorável ao início de um procedimento que garanta a existência do colonato, o que implicará o regresso das dezenas de famílias que ali residiam.
Estas aceitaram ir-se embora no verão passado até que se definisse o estatuto legal daquele pedaço de terra, e agora estão novamente a organizar-se para pressionar o Governo com o objetivo de voltarem a casa.
Segundo a imprensa local, as famílias exigem ao Governo que instale uma yeshiva (escola religiosa judaica) no colonato, como ficou consagrado no acordo que ditou a sua saída temporária do local.
Após o parecer legal do procurador-geral, o Governo israelita continua dividido pela questão: de um lado, tem o primeiro-ministro Naftali Bennett, ex-líder pró-colonos que personifica a ala direita da coligação, com outros partidos favoráveis aos colonatos; do outro, as restantes forças que o compõem, de centro e esquerda e um partido islâmico, parte das quais é formalmente contra a ocupação da Cisjordânia.
De acordo com a comunicação social israelita, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Yair Lapid -- que substituirá Bennett como chefe do Governo em 2023 -, enviou-lhe uma carta em que advertia de que o regresso dos colonos a Eviatar poderia criar uma crise com o Governo democrata dos Estados Unidos, avesso à expansão colonial israelita em território palestiniano.
O Meretz, o partido mais à esquerda da coligação, mostrou-se também contra a legalização de Eviatar, mas outros ministros, como Ayelet Shaked -- do partido de extrema-direita Yamina, o de Bennett -, são a favor da continuação desse processo, segundo a imprensa.
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