Bento XVI pede perdão pela gestão de casos de abuso sexual na Igreja

Um relatório afirma que Joseph Ratzinger, quando era arcebispo de Munique, encobriu casos de abuso sexual de menores na Igreja Católica.

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Notícias ao Minuto com Lusa
08/02/2022 16:35 ‧ 08/02/2022 por Notícias ao Minuto com Lusa

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Igreja Católica

O Papa-emérito Bento XVI pediu perdão pelas “falhas gravosas” na gestão de casos de abuso sexual por parte de membros do clero, quando ainda era arcebispo de Munique. O pedido, feito através de uma carta divulgada pelo Vaticano esta terça-feira, surge após a publicação de um relatório alemão que dava conta de que pelo menos 497 pessoas foram vítimas de abusos sexuais em Munique e Freising, entre 1945 e 2019, período durante o qual Joseph Ratzinger comandou a arquidiocese (1977 - 1982).

O relatório acusa ainda o Papa-emérito de ocultar os casos, de não responsabilizar quatro padres envolvidos, e de não mostrar compaixão com as vítimas. 

“Tive grandes responsabilidades na Igreja Católica, o que faz com que seja também muito grande a dor que sinto devido aos abusos e erros que ocorreram em vários locais, durante o meu mandato”, lê-se na nota. 

Junto à carta de Bento XVI, consta também uma investigação de 82 páginas de uma equipa de assessores do Papa que concluiu que, "como arcebispo, o cardeal Ratzinger não esteve envolvido em nenhuma ocultação de atos de abuso”, adiantando que há "informações imprecisas" no relatório alemão.

Já Bento XVI, naquilo que disse ser uma “confissão”, afirmou que viu “em primeira mão os efeitos de uma falha gravosa” e pediu perdão.

“Compreendi que nós próprios somos arrastados para estas falhas gravosas sempre que as negligenciamos ou não as confrontamos com a determinação e responsabilidade necessárias, como tantas vezes acontece e continua a acontecer”, considerou.

“Como em todas as reuniões, mais uma vez só posso expressar a todas as vítimas de abuso sexual a minha profunda vergonha, a minha profunda tristeza e o meu sincero pedido de perdão”, lê-se na carta. 

Ratzinger também agradeceu ao Papa Francisco, que o sucedeu em 2013, "pela confiança, o apoio e a oração", que lhe "expressou pessoalmente".

De acordo com o relatório, o então cardeal conhecia o passado de pedofilia de um padre, identificado como Peter Hullermann, algo que o pontífice emérito sempre negou.

O escritório de advogados Westpfahl Spilker Wastl (WSW), responsável pelo relatório independente, encomendado pela Igreja Católica e divulgado em 20 de janeiro, forneceu ao Ministério Público, em agosto de 2021, elementos de processos que sustentam uma alegada culpa de 41 funcionários eclesiásticos.

Um outro caso foi apresentado em novembro.

Os autores do relatório denunciaram um encobrimento sistemático e "assustador" de casos de abuso de menores entre 1945 e 2019 na Arquidiocese de Munique e Freising, e acusaram os responsáveis daquela arquidiocese, incluindo o Papa emérito, de nada terem feito para prevenir ou parar os abusos contra menores.

O Ministério Público de Munique anunciou, no final de janeiro, que estava a analisar as possíveis responsabilidades de 42 clérigos em casos de pedofilia, com base no relatório que acusa responsáveis da Igreja, incluindo o Papa emérito Bento XVI, de inação.

O Vaticano, por seu lado, disse querer estudar o relatório em detalhe, reiterando o "seu sentimento de vergonha e remorso" pela violência cometida.

O Papa emérito de 94 anos, que vive recluso num mosteiro do Vaticano desde a sua renúncia em 2013, sempre rejeitou qualquer responsabilidade.

Leia Também: Abusos sexuais na Igreja. Ratzinger deve pedir "perdão aos afetados"

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