"Agora temos de ir além da teoria porque, embora a convergência euro-africana seja uma convergência certa [...], tem sérios problemas devido ao desfasamento entre as declarações e o impacto prático que deve ser capaz de transformar os nossos continentes", vincou Moussa Faki Mahamat.
Falando em representação da União Africana (UA) na cerimónia de abertura da cimeira com a UE, que decorre até sexta-feira em Bruxelas, o responsável considerou serem necessários "ainda mais progressos para reforçar o consenso e ter em conta todas as sensibilidades".
"A nossa parceria tem-se concentrado, até agora, na forma de aplicar eficaz e eficientemente as medidas estabelecidas no plano de ação, mas temos de conseguir alcançar resultados tangíveis", exortou Moussa Faki Mahamat.
A título de exemplo, o presidente da Comissão da União Africana referiu que os "mecanismos clássicos" de financiamento e de monitorização "têm mostrado os seus limites", defendendo por isso instrumentos "novos, mais flexíveis e eficazes que produzam melhores resultados".
"Acima de tudo, temos de cooperar mais eficazmente em conjunto no combate aos fluxos ilícitos de fundos, especialmente quando retiram fundos de África. Precisamos de avaliações regulares porque isso nos dá o benefício de nos permitir fazer ajustamentos regulares e prever o futuro com mais segurança e controlo", acrescentou.
Para Moussa Faki Mahamat, esta cimeira com a UE traz, ainda assim, "grandes esperanças" sobre uma "renovada e revitalizada cooperação" entre os dois blocos.
"As esperanças depositadas pelos povos dos nossos dois continentes são reais. Temos de garantir que não os desiludimos", adiantou.
Líderes europeus e da UA reúnem-se entre hoje e sexta-feira em Bruxelas, na sexta cimeira UE-África, sucessivamente adiada devido à pandemia, para revitalizar uma parceria ameaçada pela presença russa e chinesa no continente africano.
Esta cimeira UE-UA, originalmente prevista para 2020, pode finalmente ter lugar face à evolução da situação pandémica, que permite a presença em Bruxelas de cerca de sete dezenas de chefes de Estado e de Governo dos dois continentes.
Quase cinco anos depois da anterior reunião de líderes da UE e UA, celebrada em Abidjan em 2017, Bruxelas acolhe a VI cimeira, que contará com a participação de cerca de 70 delegações ao mais alto nível dos Estados-membros das duas organizações, incluindo Portugal e os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
Os países africanos lusófonos estão todos representados ao mais alto nível na cimeira, como os chefes de Estado da Guiné-Bissau, Moçambique e de São Tomé e Príncipe, o vice-presidente de Angola e o primeiro-ministro de Cabo Verde.
Além dos 27 chefes de Estado e de Governo da UE, entre os quais António Costa, e dos mais de 40 líderes dos países membros da UA que confirmaram a presença na cimeira, participarão vários responsáveis das mais diversas organizações.
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