"Com a concentração de tropas russas em torno da Ucrânia, estou profundamente preocupado com o aumento das tensões e especulações sobre um conflito militar na Europa", disse Guterres, avisando que isso "seria catastrófico".
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) insistiu por isso que "não há alternativa à diplomacia" e disse que ainda acredita que a acumulação de tropas russas em torno da Ucrânia não resultará num conflito militar.
Com as tensões no seu ponto mais alto desde o colapso da União Soviética na década de 1990, Guterres disse que o mundo é provavelmente um lugar mais perigoso agora do que durante a Guerra Fria.
"Muitas vezes perguntam-me se estamos numa nova Guerra Fria" e "a minha resposta é que a ameaça à segurança global agora é mais complexa e provavelmente maior do que naquela altura", afirmou.
Um pequeno erro ou falha de comunicação entre as grandes potências pode ter consequências catastróficas, avisou o secretário-geral da ONU.
"Exorto todas as partes a terem muito cuidado com a sua retórica. As declarações públicas devem visar reduzir as tensões, não inflamar", disse Guterres.
Durante o impasse de décadas entre a União Soviética e os Estados Unidos, no século XX, "houve mecanismos que permitiram aos protagonistas calcular riscos e usar canais de apoio para prevenir crises. Hoje, muitos desses sistemas já não existem e a maioria das pessoas treinadas para usá-los já não estão aqui connosco", afirmou ainda Guterres.
Líderes internacionais e diplomatas do mais alto nível estão reunidos em Munique, no sul da Alemanha, de hoje até domingo para conversações sobre questões de defesa e segurança.
A conferência anual de Munique surge no momento de maior tensão entre Moscovo e o Ocidente, que teme que as tropas russas se preparem para invadir a Ucrânia.
As reuniões, em diferentes formatos, levaram a Munique a vice-Presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, os principais chefes de diplomacia da União Europeia, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg e o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Os russos, que estão regularmente presentes nesta conferência, este ano não enviaram representantes.
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