China defende que preocupações da Rússia devem "ser respeitadas"
O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, defendeu hoje que as preocupações da Rússia sobre a Ucrânia devem "ser respeitadas" tanto como as de outros atores nesta crise, que ameaça degenerar em conflito.
© Lusa
Mundo Ucrânia
"Todas as partes têm o direito de exprimir as suas preocupações e as preocupações razoáveis da Rússia devem igualmente ser respeitadas e tidas em conta", disse o ministro chinês ao intervir, por videoconferência, na Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha.
Wang Yi acusou "uma certa grande potência" de "reviver a mentalidade da Guerra Fria e fomentar o confronto entre blocos".
Numa referência aos Estados Unidos, disse que a forma de atuar de Washington "se contrapõe ao progresso histórico", porque faz erodir o Estado de direito a nível internacional e trava a globalização.
"Faz alarde da sua força e glorifica a hegemonia e o assédio moral", disse.
Wang defendeu um futuro marcado pela cooperação internacional num sistema multilateral em que todos os países saibam que estão "num grande barco" e todos "remam lado a lado e se encorajam mutuamente".
Numa referência velada à NATO, defendeu ainda que "a segurança de uma região não pode ser alcançada reforçando blocos militares", disse.
A aproximação estratégica da Rússia e da China, que apoia as reivindicações russas na Ucrânia, preocupa os líderes ocidentais, que hoje manifestaram essa preocupação na conferência de Munique.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, disse na sua intervenção que a Rússia e a China protagonizam "uma tentativa flagrante de reescrever as regras da ordem internacional".
Moscovo e Pequim "procuram uma 'nova era' quando o que querem, na realidade, é substituir o Estado de direito pelo estado dos mais fortes; a autodeterminação pela intimidação e a cooperação pela coerção", disse a responsável.
Von der Leyen fazia referência ao comunicado conjunto publicado no início do mês após o Presidente russo, Vladimir Putin, se reunir com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, no qual anunciavam uma "nova era" nas relações internacionais.
Xi Jinping foi mais longe e afirmou-se, juntamente com Moscovo, "contra qualquer alargamento futuro da NATO", apoiando assim a exigência principal de Moscovo no seu braço de ferro com europeus e norte-americanos na crise da Ucrânia.
"Pela primeira vez, Pequim junta-se a Moscovo para exigir à NATO que não admita novos membros", disse hoje o secretário-geral da NATO, Jean Stoltenberg, em Munique.
"Trata-se de uma tentativa de controlar o destino de nações livres, de reescrever as regras internacionais e de impor os seus próprios modelos autoritários de governação", alertou.
O Ocidente e a Rússia vivem atualmente um momento de forte tensão, com o regime de Moscovo a ser acusado de concentrar pelo menos 150.000 soldados nas fronteiras da Ucrânia, numa aparente preparação para uma potencial invasão do país vizinho.
Moscovo desmente qualquer intenção bélica e afirma ter retirado parte do contingente da zona, mas alguns observadores veem a ausência de um representante russo na Conferência de Segurança de Munique, na qual o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov participou nos últimos 12 anos, como um sinal de que o Kremlin abandonou os esforços para encontrar uma solução pacífica para a crise da Ucrânia.
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