A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou este domingo que a União Europeia irá encerrar o espaço aéreo a todos os aviões russos, banir canais de televisão estatais russos e financiar, pela primeira vez, a aquisição e entrega de armas e equipamento militar a um país sob ataque - a Ucrânia.
“Primeiro, vamos fechar o espaço aéreo da União Europeia a todas as aeronaves de propriedade russa, registadas na Rússia ou controladas pela Rússia. Não podem aterrar, descolar ou sobrevoar o território da União Europeia. Incluindo os jatos particulares de oligarcas”, afirmou em conferência de imprensa.
A UE irá financiar, pela primeira vez, “a aquisição e entrega de armas e equipamento a um país sob ataque”. “Vamos também fortalecer as nossas sanções contra o Kremlin”, acrescentou.
Von der Leyen anunciou ainda que a União Europeia irá banir os canais de televisão estatais russos - o Russia Today e o Sputnik - e as suas subsidiárias. “Não poderão espalhar mais mentiras para justificar a guerra de Putin”, frisou.
We are stepping up our support for Ukraine.
— Ursula von der Leyen (@vonderleyen) February 27, 2022
For the first time, the EU will finance the purchase and delivery of weapons and equipment to a country under attack.
We are also strengthening our sanctions against the Kremlin.
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Classificando este como "um momento de viragem", a presidente da Comissão adiantou que a UE prepara-se também para sancionar "o outro agressor nesta guerra, o regime [bielorrusso] de [Alexander] Lukashenko", que é "cúmplice neste ataque vicioso contra a Ucrânia" e que será alvo de um "novo pacote de sanções".
Estes anúncios ocorrem pouco antes do início de uma videoconferência de ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, naquela que é a quarta reunião da semana dos chefes da diplomacia dos 27 para discutir a resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia.
Ao lado de Von der Leyen, o Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, indicou que vai propor aos 27 o recurso ao Mecanismo Europeu de Apoio à Paz para duas medidas de assistência de emergência: financiar o fornecimento de material letal ao exército ucraniano, assim como combustíveis, equipamento de proteção e material médico.
"Mais um tabu caiu: o de que a UE não fornecia armas numa guerra. Sim, estamos a fazê-lo, porque esta guerra exige o nosso compromisso de forma a apoiar o exército ucraniano. Porque vivemos tempos sem precedentes", disse, realçando também que "é a primeira vez na história que o bloco europeu vai fornecer equipamento letal a um país terceiro".
"A guerra de Putin não é apenas contra a Ucrânia. Temos que compreender a gravidade da situação para nós, os europeus, e para a segurança global. Esta tarde, Putin anunciou que vai colocar as forças nucleares em alerta máximo", salientou.
Borrell revelou ainda que já teve oportunidade de falar hoje com o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleva, ao qual transmitiu as boas notícias.
"Ele veio cá [a Bruxelas] na semana passada, pediu [exclusão da Rússia do sistema] SWIFT e armas. Agora estamos a dar respostas nas duas frentes. Estamos a dar apoio em termos práticos", salientou.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram cerca de 200 mortos, incluindo civis, e mais de 1.100 feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de perto de 370 mil deslocados para a Polónia, Hungria, Moldávia e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), UE e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.
[Notícia atualizada às 17h05]
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