O inquérito foi aberto devido à nacionalidade francesa do jornalista, cuja morte resulta num "atentado voluntário à vida de uma pessoa protegida pelo direito internacional", precisou o Ministério Público da área do antiterrorismo (Pnat), competente em matéria de crimes contra a Humanidade.
A morte de Zakrzewski também pode ser considerada, legalmente, um "ataque deliberado contra uma pessoa civil que não participa diretamente nas hostilidades", acrescentou a mesma fonte.
Pierre Zakrzewski, operador de câmara do canal Fox News, e Oleksandra Kuvshynova, uma ucraniana que o acompanhava, foram mortos na segunda-feira em Horenka, a nordeste da capital da Ucrânia, "quando o seu veículo foi alvo de tiros", indicou a presidente executiva da Fox News Media, Suzanne Scott, acrescentando que ambos se encontravam com o repórter Benjamin Hall, que ficou ferido.
O inquérito foi entregue ao gabinete central francês de luta contra os crimes contra a Humanidade, os genocídios e os crimes de guerra.
Depois de a justiça alemã e espanhola terem aberto inquéritos por "crimes de guerra", assentes numa competência universal, o Pnat indicou que também podia abrir inquéritos desde que a vítima seja francesa, se o autor do crime for francês, ou se o autor da infração tiver residência habitual em solo francês.
Jean-Yves Le Drian, chefe da diplomacia francesa, lembrou hoje a "obrigação" das partes beligerantes na Ucrânia de garantir a segurança dos jornalistas que cobrem o conflito.
Por seu turno, a Organização Não Governamental internacional Repórteres Sem Fronteiras anunciou hoje na rede social Twitter que pretende apresentar uma queixa sobre o caso.
"Um inquérito penal é essencial para identificar os autores dos tiros que mataram os jornalistas e determinar em que medida visavam deliberadamente os jornalistas", justificou.
Desde o início do conflito, três outros jornalistas, dois ucranianos e um norte-americano, foram mortos.
A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 726 mortos e mais de 1.170 feridos, incluindo algumas dezenas de crianças, e provocou a fuga de cerca de 4,8 milhões de pessoas, entre as quais três milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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