Moçambique precisa trabalhar para aproveitar oportunidades no gás

O economista moçambicano Rui Mate disse hoje à Lusa que o país precisa de trabalhar para aproveitar novas oportunidades no mercado de gás natural, com a Europa a procurar diversificar fontes de energia após a invasão russa da Ucrânia.

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Lusa
17/03/2022 08:18 ‧ 17/03/2022 por Lusa

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Ucrânia

"A Europa começa a querer depender menos da Rússia", mas "Moçambique precisa de criar mecanismos para atrair esta oportunidade, principalmente no que diz respeito à segurança", referiu o analista da organização não-governamental (ONG) moçambicana Centro de Integridade Pública (CIP).

"Com a maior brevidade possível, é preciso criar estabilidade em Cabo Delgado", província do Norte de Moçambique que acolhe os maiores projetos de exploração de gás, suspensos devido à violência armada na região, advogou.

O gás dos projetos aprovados já tem destino, com contratos de venda previamente estabelecidos, mas Rui Mate observa que há ainda áreas que vão ser alvo de prospeção.

"Os processos de prospeção deviam ser agora mais dinâmicos e, se for constatado que há mais gás e em quantidades consideráveis, Moçambique assumir outra posição na mesa de negociações com estas multinacionais", declarou.

João Mosca, economista e professor universitário, é mais cético sobre as oportunidades de que Moçambique pode dispor face às sanções impostas à Rússia.

"Não há formas de Moçambique aproveitar esta crise para ser uma alternativa no mercado internacional. O gás no Norte está ainda condicionado a vários fatores [...], a exploração em volumes altos não é imediata", referiu.

Ou seja, "Moçambique não tem nenhuma capacidade de resposta: a capacidade de resposta está nas grandes reservas mundiais, como Venezuela e Irão", acrescentou João Mosca.

O país lusófono do Índico tem apelado ao diálogo entre Ucrânia e Rússia, sem condenações de parte a parte, algo que João Mosca considera "compreensível" porque o país "recebe apoio de ambos os lados" - apoio russo e dos países do ocidente.

"Todos aqui envolvidos são extremamente cooperantes [para Moçambique], há grandes volumes de recursos financeiros. Eu entendo que Moçambique queira atualmente optar por um jogo neutro na sua 'realpolitik'", sublinhou João Mosca.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 726 mortos e mais de 1.170 feridos, incluindo algumas dezenas de crianças, e provocou a fuga de cerca de 4,8 milhões de pessoas, entre as quais três milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

Leia Também: Biden autoriza aumento da exportação de gás natural para a Europa

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