Tal como fez na semana passada, o embaixador da Rússia na ONU, Vasily Nebenzya, voltou a pedir uma reunião de emergência para discutir alegados "laboratórios biológicos" na Ucrânia, tendo apresentado "novas provas", como alegados documentos assinados por membros do Pentágono.
"Os Estados Unidas da América faziam uso cínico do território ucraniano para pesquisas perigosas", afirmou o diplomata russo.
Contudo, e à imagem do que aconteceu na semana passada, Nebenzya foi condenado por vários embaixadores presentes na reunião, que o acusaram de "repetição de desinformação amadora" já "desmascarada".
"É um absurdo. Como eu disse na semana passada, laboratórios na Ucrânia que realizam pesquisas sobre riscos à saúde pública não são uma ameaça à paz e à segurança internacionais. Por outro lado, a invasão ilegal e desumana da Ucrânia pelo Presidente Putin é a ameaça mais significativa à paz e segurança internacionais que enfrentamos hoje", defendeu a embaixadora do Reino Unido da ONU, Barbara Woodward.
Já a embaixadora Linda Thomas-Greenfield, representante dos EUA na ONU, o país diretamente acusado pela Rússia, afirmou tratar-se de "teorias da conspiração bizarras", "que parecem (...) provenientes de algum canto escuro da internet".
"Não há laboratórios ucranianos de armas biológicas na Ucrânia -- nem perto da fronteira com a Rússia, nem em nenhum lugar. Existem apenas instalações de saúde pública, orgulhosamente -- e digo com orgulho -- apoiadas e reconhecidas pelo Governo dos EUA, a Organização Mundial da Saúde e outros governos e instituições internacionais", disse a diplomata norte-americana.
Num comunicado antes mesmo de a reunião do Conselho de Segurança começar, Linda Thomas-Greenfield já havia alertado que esta sessão convocada pela Rússia tinha apenas um propósito: "desviar a responsabilidade pela guerra de escolha da Rússia e pela catástrofe humanitária que ela causou", assim como divulgar propaganda favorável ao Kremlin.
Já o embaixador da França na ONU, Nicolas De Riviere, advogou que as alegações da Rússia - de que traria novas informações para a reunião de hoje - são falsas, uma vez que apenas trouxe repetições "não credíveis".
Contudo, Vasily Nebenzya contestou: "'Propaganda, desinformação, amadorismo'...foi isso que ouvimos os diplomatas dizerem. Se não ouviram nada de novo hoje é porque não estavam a ouvir, mas nós trouxemos novos documentos, que têm assinaturas, que foram preparados com base na cooperação entre a Ucrânia e os EUA. (...)Não façam falsas acusações de propaganda à Rússia", declarou o embaixador russo.
Por outro lado, países como China e Brasil afirmaram que qualquer informação sobre armas biológicas deve ser levada a sério e investigada por órgãos independentes e isentos.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 780 mortos e 1.252 feridos, incluindo algumas dezenas de crianças, e provocou a fuga de cerca de 5,2 milhões de pessoas, entre as quais mais de 3,1 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
[Notícia atualizada às 16h40]
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