No dia em que passa um mês desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, Filippo Grandi recordou os "milhões de pessoas que têm vivido o horror da guerra".
Quase um quarto da população da Ucrânia (mais de 10 milhões de pessoas) teve de abandonar as suas casas: Cerca de 3,7 milhões fugiram do país, "fazendo desta a crise de refugiados que mais rapidamente cresceu desde a Segunda Guerra Mundial", e mais de 6,5 milhões de deslocados dentro do próprio país.
A estes juntam-se outros 13 milhões que não conseguem sair "devido ao aumento dos riscos de segurança, destruição de pontes e estradas, bem como à falta de recursos ou informação sobre onde encontrar segurança e alojamento", afirmou numa declaração escrita.
Saudando os países por manterem as fronteiras abertas, a União Europeia por oferecer Proteção Temporária e todas as pessoas que em nome individual quiseram ajudar, o representante deixou um alerta: A ajuda não pode parar.
"A guerra na Ucrânia tem gerado enorme sofrimento, mas também inspirado atos de grande coragem, generosidade e compaixão. Assegurar um apoio contínuo às suas vítimas inocentes é vital se quisermos impedir que esta crise se transforme numa catástrofe", alertou.
Grandi defendeu que são precisos mais apoios: "Mais será necessário - para os Estados, para os refugiados, para as comunidades locais - e exorto a comunidade internacional a assegurar que isso se concretize".
Isto porque, lembrou o representante da ONU, "a capacidade dos países vizinhos que recebem refugiados já está sob tensão" e a situação deverá agravar-se, tendo em conta que este deverá ser um conflito prolongado "caracterizado pelo desrespeito brutal do direito humanitário internacional".
No seu discurso, o representante dos refugiados apelou também a que se repita os atos de apoio e solidariedade para com outros povos que estão a sofrer dramas semelhantes.
"Este nível de solidariedade deveria dar o exemplo para todas as crises de refugiados", disse, recordando os milhões de crianças, mulheres e homens deslocados por conflitos, perseguições, violência e violações dos direitos humanos em muitas outras regiões do mundo.
"A devastação infligida a milhões de inocentes não é menos real e não menos cruel. O direito de procurar e obter asilo é universal. Não está condicionado à cor da sua pele, à sua idade, sexo, crenças ou local de nascimento. O respeito pelos direitos dos refugiados não é passível de interpretação ou negociação", defendeu.
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