A Estrutura de Acolhimento Coletiva de refugiados da guerra na Ucrânia tem capacidade para 26 pessoas, das quais 25 já se encontram nas instalações "que acolhem não apenas cidadãos ucranianos, mas também migrantes que tiveram de abandonar o país", disse à agência Lusa o presidente da mesa administrativa da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré, Nuno Batalha.
De entre os 25 refugiados já acolhidos, "a maioria são mulheres, sete são de nacionalidade indiana e apenas três são crianças", explicou o mesmo responsável.
O centro de acolhimento tem ainda a particularidade de ser "o primeiro do distrito a receber pessoas com animais", tendo atualmente nas instalações "dois cães e um rato".
A Estrutura de Acolhimento Coletiva foi na segunda-feira protocolada com o Instituto da Segurança Social, que, segundo Nuno Batalha, fez o encaminhamento dos refugiados que ali começaram a ser instalados nas últimas duas semanas. Funciona em dois edifícios da Confraria, um com capacidade para 12 pessoas e outro para 14.
"O objetivo é que este seja um acolhimento muito temporário, onde as pessoas possam ficar enquanto são estabilizadas e tratam da documentação, tentando depois que seja feita a sua integração e que haja rotatividade no acolhimento de outras pessoas que necessitem desta resposta", afirmou Nuno Batalha.
O acompanhamento dos refugiados está a ser feito por técnicos do serviço social e auxiliares da Confraria, alguns dos quais "de nacionalidade moldava e russa" que já ali trabalhavam e que "facilitam o processo em termos de comunicação, embora a maioria fale inglês", disse ainda.
O protocolo de formalização da estrutura de acolhimento prevê que a Confraria seja responsável pelas instalações e pelo fornecimento de alimentação e cuidados de higiene aos refugiados, recebendo uma contrapartida monetária de 600 euros mensais por cada um dos alojados, caso as instalações de mantenham com a ocupação máxima, mas o valor será reajustado se os rácios de ocupação diminuírem.
Citado numa nota de imprensa da autarquia, o diretor do Centro Distrital de Segurança Social, João Paulo Pedrosa, afirmou, após a assinatura do protocolo, que a Confraria "disponibilizou-se para dar resposta, assim que se soube que a guerra iria desencadear uma crise de refugiados", destacando a importância de evidenciar na sociedade civil "respostas do setor social e solidário que estejam dispostos a dá-las".
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.119 civis, incluindo 139 crianças, e feriu 1.790, entre os quais 200 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra provocou a fuga de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 3,8 milhões de refugiados em países vizinhos e quase 6,5 milhões de deslocados internos.
A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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