Irá a Rússia cumprir com uma redução "radical" das atividades militares em Kyiv e Chernihiv, na sequência das negociações de paz, como afirmou o vice-ministro russo da Defesa, Alexander Fomin? A desconfiança não só do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, como também dos líderes ocidentais é maior do que a crença nas palavras dos russos.
Esta quarta-feira, Zelensky apontou que os "ucranianos não são ingénuos", expressando dúvidas sobre a retirada da Rússia.
No vídeo publicado esta manhã, o presidente afirma que manterá a defesa do seu país, independentemente das promessas do Kremlin.
"Claro que não vemos razão para confiar nas palavras de certos representantes de um Estado que continua a lutar pela nossa destruição", começou por dizer o chefe de Estado ucraniano.
"Os ucranianos já aprenderam durante estes 34 dias de invasão e nos últimos oito anos de guerra em Donbass que apenas um resultado concreto pode ser confiável", explicou ainda.
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As promessas de Putin não se traduzem, no entanto, numa efetiva retirada, indica Zelensky. "O inimigo ainda está no nosso território. O bombardeio das nossas cidades continua. Mariupol está bloqueada. Mísseis e ataques aéreos não param. Esta é a realidade. Estes são os fatos", sublinha também.
Também os líderes ocidentais desconfiam das promessas russas. Biden, por exemplo, disse que vai "esperar para ver" se a Rússia "mantém a palavra" e reduz a atividade militar como prometido.
Segundo Biden, os líderes ocidentais foram unânimes em considerar que é necessário esperar para ver as ações da Rússia.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, também assumiu as suas dúvidas apontando que não viu nada que indicasse que as negociações estavam a progredir de maneira “construtiva”. Blinken detalhou ainda que esta poderá ser uma tentativa de Moscovo de “enganar as pessoas e desviar a atenção”.
John Kirby, secretário de imprensa do Pentágono, apontou: "Houve algum movimento de unidades russas para longe de Kyiv nos últimos dias? Sim, achamos que sim, números pequenos”. “Mas acreditamos que este é um reposicionamento, não uma retirada real, e que todos devemos estar preparados para assistir a uma grande ofensiva contra outras áreas da Ucrânia", concluiu.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.151 civis, incluindo 103 crianças, e feriu 1.824, entre os quais 133 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU.
A ONU alerta, no entanto, para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
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