Com arranque previsto para as 10:00 (hora local, menos uma em Lisboa), a 23.ª Cimeira UE-China começa com uma sessão de trabalho entre os presidentes do Conselho Europeu, Charles Michel, e da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, acompanhados pelo chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, juntamente com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang.
Segue-se, à tarde, uma outra sessão entre os dirigentes da UE e o Presidente chinês, Xi Jinping, numa cimeira ainda realizada à distância devido às restrições relacionadas com a covid-19.
Diferente será o assunto da cimeira, que não será dominada pelos laços económicos como de costume, mas antes pela guerra na Ucrânia, em altura de aceso confronto armado devido à invasão russa do país no final de fevereiro.
"Não será uma cimeira 'business as usual' ['como habitual', numa tradução livre], pois queremos ver a China a usar a sua influência, enquanto potência económica e geopolítica, para garantir o respeito pelas leis internacionais com vista ao restabelecimento da ordem de segurança global", afirmam fontes europeias numa antecipação da cimeira.
Lembrando que "a China tem tido uma posição neutra", as mesmas fontes admitem que isso "será difícil de mudar", mas ainda assim o bloco comunitário vai "apelar à China para influenciar a Rússia a acabar com as hostilidades".
Até porque "a China tem responsabilidades importantes enquanto membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas", lembram.
A ideia será, então, usar este alto encontro diplomático para cooperação entre Ocidente e Oriente com vista ao fim da guerra da Ucrânia, exortando ainda a China a não apoiar a Rússia para ultrapassar as sanções aplicadas pela UE contra o regime russo, como congelamento de bens financeiros.
"Não é do nosso interesse ver um parceiro com quem trabalhamos a subverter resultado das sanções que impusemos, isto é, ter a China a enviar material militar para a Rússia", adiantam as fontes europeias.
Dados de Bruxelas indicam que a UE é o principal destino do comércio externo chinês, a equivaler a cerca de 40%, seguindo-se os Estados Unidos (12%) e só depois a Rússia (2%), isto tendo em conta o cenário antes da pandemia de covid-19.
Pequim tem mantido uma posição ambígua em relação à invasão russa da Ucrânia, já que se recusou a condená-la, mas já tentou distanciar-se da guerra de Putin, apelando ao diálogo e ao respeito pela soberania dos outros países.
A China defendeu, por um lado, que a soberania e a integridade territorial de todas as nações devem ser respeitadas - um princípio de longa data da política externa chinesa e que pressupõe uma postura contra qualquer invasão -, mas ao mesmo tempo opôs-se às sanções impostas contra a Rússia e apontou a expansão da NATO para o leste da Europa como a raiz do problema.
Antes, no início de fevereiro, o Presidente chinês, Xi Jinping, reuniu-se, em Pequim, com o homólogo russo, Vladimir Putin, e, numa declaração conjunta, os dois líderes realçaram o seu "forte apoio mútuo à proteção dos interesses centrais" dos dois países.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.232 civis, incluindo 112 crianças, e feriu 1.935, entre os quais 149 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
Nesta cimeira, serão ainda abordados assuntos como a pandemia e as alterações climáticas.
A anterior cimeira UE-China aconteceu em 22 de junho de 2020.
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