A comissária de Direitos Humanos do Parlamento ucraniano, Lyudmyla Denisova, acusou a Rússia de usar crianças como “escudos humanos” em várias regiões da Ucrânia, esta sexta-feira.
“Outro crime de guerra horrível do exército racista contra as crianças ucranianas. Militantes russos raptam crianças e usam-nas como escudos humanos quando movimentam colunas de equipamento”, atira a responsável, na sua página do Facebook.
Segundo Denisova, relatos de residentes da vila Novyi Bykiv, em Chernihiv, indicam que os “ocupantes fizeram crianças reféns e puseram-nas em carrinhas”, de forma a garantir que as forças ucranianas não atingem o seu equipamento.
“Os invasores russos usam as crianças como reféns, como garantia de que a população local não dará as coordenadas dos movimentos do inimigo aos defensores ucranianos”, complementa, denunciando relatos deste tipo de tática nas regiões de Sumy, Kyiv, Chernihiv, e Zaporizhzhya.
Denisova acrescenta ainda que a ação das forças russas “viola o direito à vida das crianças, consagrado no artigo 6 da Convenção sobre os Direitos da Criança” da Organização das Nações Unidas (ONU).
“O assassinato de crianças e o bombardeamento de comunidades pacíficas são crimes contra a humanidade e crimes de guerra sob o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional”, reitera, apelando à comissão da ONU encarregue de investigar os crimes de guerra cometidos pela Rússia durante a invasão da Ucrânia e à missão implementada pela Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) que tenham em conta “estes factos de crimes de guerra e de crimes contra a humanidade na Ucrânia”.
Recorde-se que a Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.276 civis, incluindo 115 crianças, e feriu 1.981, entre os quais 160 crianças, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 4,1 milhões de refugiados em países vizinhos e cerca de 6,5 milhões de deslocados internos. Além disso, a ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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