França está "gravemente preocupada" com possíveis "execuções" no Mali
O Ministério dos Negócios Estrangeiros francês disse hoje que a França está "gravemente preocupada" com possíveis "execuções" cometidas no Mali por militares malianos, "acompanhados de mercenários" do grupo privado russo Wagner.
© Lusa
Mundo Militares
Paris está "preocupada com as notícias de abusos maciços na aldeia de Moura, por elementos das forças armadas do Mali acompanhados por mercenários russos do grupo Wagner, que teriam causado a morte de centenas de civis", afirmou em comunicado o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês.
O exército do Mali disse na sexta-feira à noite, numa declaração, que tinha matado "203 combatentes" de "grupos terroristas armados" durante uma operação numa zona do Sahel, no centro do Mali, que decorreu entre 23 e 31 de março.
A operação "em grande escala", que teve lugar "na zona de Moura a 17 quilómetros a nordeste de Kouakjourou, no círculo de Djenne", resultou na morte de "203 combatentes" de "grupos terroristas armados", referiu o exército maliano.
A agência France-Presse não conseguiu até agora confirmar este número. Na sexta-feira, o Estado-Maior das Forças Armadas convidou "a população a refrear as especulações difamatórias contra" os militares malianos.
No seu comunicado hoje, a França "apela à rápida abertura de investigações nacionais e internacionais para apurar responsabilidade por estes atos e levar os seus autores à justiça".
O ministério francês sublinha que está "preocupado com o aumento do número de abusos no Mali central desde o início de 2022 e com a impunidade em que estes estão a ocorrer".
A nota salienta também que "a luta contra os grupos terroristas que operam no Sahel não pode, de forma alguma, justificar violações dos direitos humanos", o que, segundo o ministério, "apenas reforça estes grupos".
Em Bruxelas, o Alto Representante da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, também considerou "muito preocupante" a informação sobre "a morte de centenas de pessoas na aldeia de Moura".
"É essencial que a Missão da ONU [Minusma] tenha acesso ao local dos acontecimentos, a fim de apoiar as autoridades de transição na sua investigação", acrescentou o responsável da UE. "O comportamento exemplar do Estado e das suas forças de segurança, cujo mandato principal é proteger os civis, não pode sofrer qualquer exceção", defendeu.
A violência terrorista deixou dezenas de civis mortos nas últimas semanas no centro e leste do Mali, na chamada região das três fronteiras (entre Mali, Níger e Burkina Faso), de acordo com a Minusma.
Esta vasta área é cenário de violência e de confrontos entre muitas das organizações armadas (regulares e irregulares) presentes no terreno, incluindo entre grupos afiliados à Al-Qaida e ao movimento terrorista Estado Islâmico.
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