O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia de estar a criar, deliberadamente, uma crise alimentar e a usar a fome como "arma".
"A Ucrânia é um dos principais países fornecedores de alimentos do mundo com exportações", disse o chefe de Estado ucraniano, num discurso no parlamento irlandês.
"Não se trata apenas do défice e da ameaça de fome. Haverá escassez de alimentos e os preços subirão, e essa é a realidade de milhões de pessoas que passam fome, e será mais difícil para eles alimentar as suas famílias", lamentou.
Zelensky criticou depois o Ocidente por não tomar medidas mais duras contra a Rússia e apelou aos líderes políticos irlandeses que convençam outros países da União Europeia a adotar sanções mais robustas.
"Não posso tolerar nenhuma indecisão", afirmou, pedindo sanções "mais duras".
"Enquanto o mundo inteiro está ciente dos crimes cometidos contra o nosso povo, ainda temos de convencer as empresas europeias a deixarem o mercado russo. Ainda temos de convencer os políticos estrangeiros a cortar os laços dos bancos russos com o sistema financeiro internacional e ainda temos de convencer a Europa de que o petróleo russo não pode financiar a máquina de guerra russa", acrescentou.
O presidente da Ucrânia acusou ainda a Rússia de atacar civis intencionalmente, dizendo que 167 crianças morreram desde o início da invasão.
Acrescentou que "todas as atrocidades cometidas em Mariupol", onde "nenhum edifício está intacto" e onde "os mortos são enterrados nos pátios dos edifícios", "ainda não são conhecidas".
Sublinhe-se que a Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro. Os dados mais recentes da ONU, que alerta para a probabilidade e o número real de vítimas civis ser muito maior, indicam que a guerra já matou pelo menos 1.480 civis, incluindo 165 crianças. Além disso, a invasão provocou mais de 11 milhões de deslocados.
[Notícia atualizada às 12h39]
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