"Temos de aproveitar todas as oportunidades para acabar com o inferno humanitário na Ucrânia e é isto que o chanceler fará com mensagens muito claras de natureza humanitária e conselhos políticos", afirmou o chefe da diplomacia austríaca, Alexander Schallenberg, citado pela agência France-Presse (AFP).
Schallenberg falava antes de uma reunião com os seus homólogos da União Europeia (UE), a decorrer hoje no Luxemburgo.
De acordo com o governante, a mensagem para o chefe de Estado russo será que se quer que "a guerra acabe".
"Queremos corredores humanitários. Queremos que as organizações humanitárias internacionais sejam capazes de fazer o seu trabalho", acrescentou Schallenberg.
Os chefes de diplomacia da UE vão certamente discutir hoje "passos adicionais" a nível de sanções para punir a Rússia pela agressão brutal contra a Ucrânia, admitiu o Alto Representante da UE para a Política Externa e de Segurança, Josep Borrell, à chegada para a reunião no grão-ducado.
De acordo com Shcallenberg, Karl Nehammer reúne-se hoje com o Presidente russo numa "iniciativa pessoal" decidida após conversações em Kiev com o chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky, e após discussões com o chanceler alemão, Olaf Scholz, com o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e com os presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu, Ursula von der Leyen e Charles Michel, respetivamente.
Admitindo que "ninguém está à espera de um milagre", o chefe da diplomacia austríaca acredita que "qualquer voz que faça o Presidente Putin compreender como é a realidade fora das paredes do Kremlin não é uma voz perdida".
Karl Nehammer será o primeiro líder europeu a encontrar-se com o Presidente russo desde o início da invasão russa da Ucrânia.
No domingo, o chanceler austríaco considerou que é uma "missão arriscada", mas defendeu que se abriu "uma janela de oportunidade para o diálogo".
No seu encontro com Putin, Nehammer quer abordar os "crimes de guerra" cometidos em Bucha, uma localidade perto de Kiev que se revelou um cenário de atrocidades após a retirada das forças russas e que foi, entretanto, visitada por alguns representantes europeus.
Por sua vez, Moscovo rejeitou veementemente qualquer envolvimento nos acontecimentos em Bucha.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.793 civis, incluindo 176 crianças, e feriu 2.439, entre os quais 336 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,5 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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