Antes da cerimónia religiosa, gerou desconforto o facto de, na XIII estação da Via Sacra, estar previsto que a cruz fosse transportada por duas amigas, uma enfermeira ucraniana e uma estudante russa.
Na noite de sexta-feira, a cruz foi transportada pelas duas mulheres conforme estava previsto, mas, numa alteração do programa inicialmente divulgado pelo Vaticano, a meditação que deveria ser lida no momento foi eliminada e substituída por uma oração pela paz no mundo.
"Diante da morte, o silêncio é a palavra mais eloquente. Permaneçamos, portanto, em silêncio e em oração e que cada um, no seu coração, reze pela paz no mundo", exortou um dos oradores da cerimónia.
Na rede social Twitter, o embaixador ucraniano deu hoje conta que se reuniu com o secretário de Estado Vaticano, Pietro Parolin.
"Além de apresentarmos muitos detalhes sobre a guerra, expressámos o nosso apreço pelas mudanças na Via Sacra de ontem, seguindo os pedidos da Ucrânia", escreveu Andrii Yurash.
Cerca de 10.000 fiéis acolheram o Papa Francisco no Coliseu de Roma, onde presidiu à Via Sacra de Sexta-Feira Santa, após dois anos sem um dos mais seguidos ritos da Semana Santa, devido à pandemia de covid-19.
Em 2020 e 2021, a Via Sacra -- ou Caminho da Cruz -- foi celebrada numa praça de São Pedro deserta por causa das restrições de combate ao coronavírus SARS-Cov-2.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou quase dois mil civis, segundo dados das Nações Unidas, que alertam para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A guerra causou a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de cindo milhões das quais para os países vizinhos.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
Leia Também: Homem mais rico da Ucrânia promete reconstruir Mariupol