Alexei Navalny, o maior opositor do regime russo, revelou esta terça-feira que Ilya Navalny, um homem de 60 anos, foi “morto por causa do seu apelido” na cidade ucraniana de Bucha. Segundo o opositor do presidente da Rússia, Vladmir Putin, as tropas russas “esperavam que fosse um parente” seu.
"Um passaporte com o apelido ‘Navalny’ está ao lado de um cadáver no chão. Esta é uma das pessoas mortas na aldeia ucraniana de Bucha. Ilya Ivanovich Navalny", começou por contar, na rede social Twitter, o político, que se encontra preso desde janeiro de 2021 por acusações que considera terem sido “fabricadas”.
Segundo Navalny, “tudo indica que o mataram por causa do seu apelido” e “é por isso que o seu passaporte foi deixado de forma desafiadora nas proximidades”. “Uma pessoa completamente inocente foi morta pelos carrascos de Putin (que mais lhes posso chamar? Definitivamente não ‘soldados russos’) porque ele é meu homónimo. Aparentemente, esperavam que fosse um parente meu”, considerou.
1/9 A passport with the surname “Navalny” lies next to the dead body on the ground. This is one of the people killed in the Ukrainian village of Bucha. Ilya Ivanovich Navalny. pic.twitter.com/vxfdkrTmLv
— Alexey Navalny (@navalny) April 19, 2022
“Não sei se ele é meu parente. Ele é da mesma aldeia que o meu pai. Então, talvez seja meu parente, mas geralmente há muitos Navalnys naquela aldeia”, acrescentou.
Segundo a porta-voz de Navalny, trata-se mesmo de um parente “afastado” do opositor russo. Kira Yarmysh, que cita uma notícia da BBC, afirma que o autarca da vila de Novoye Zalesye, Pavel Navalny, revelou que “Ilya era um familiar afastado de Alexei" e têm "um bisavô em comum”. Também Pavel é primo em segundo grau do opositor russo.
Alexei does not yet know about this, but Ilya Navalny is indeed his distant relative. This was confirmed by another of their common relatives, the headman of the village of Novoye Zalesye Pavel Navalny: https://t.co/l8EuHx49Bl https://t.co/5t4KdDfO82
— Кира Ярмыш (@Kira_Yarmysh) April 19, 2022
A morte do homem foi noticiada a 17 de abril pelo jornal alemão Bild. De acordo com moradores de Bucha - cidade palco de crimes contra cometidos civis - Ilya Navalny foi encontrado morto a 12 de março com um ferimento de bala na cabeça.
Navalny lembrou ainda os tempos de criança e o quanto ficou “maravilhado” quando viu o monumento de homenagem às vítimas da “Grande Guerra Patriótica”, termo como ficou conhecida a Segunda Guerra Mundial para os soviéticos. “Estou habituado ao facto de o meu apelido ser raro, mas havia vários Navalnys lá”, explicou.
“Bem, agora haverá outro monumento na Ucrânia para aqueles que morreram na guerra, e o nome de Ilya Ivanovich Navalny, nascido em 1961, estará lá, entre outros. E esta guerra também foi desencadeada por um maníaco delirante obcecado por alguma tolice sobre geopolítica, história e estrutura do mundo”, acrescentou, numa comparação de Putin com o nazi Hitler.
E alertou: “Este maníaco não vai parar. Ele, como um viciado em drogas, ficou viciado em morte, guerra e mentiras - precisa delas para manter o seu poder”.
Por isso, “agora é dever de todos” fazer alguma “contribuição” para “terminar esta guerra e tirar Putin do poder”. “Proteste onde e como puder. Agite como puder e quem puder. A inação é a pior coisa possível. E agora sua consequência é a morte”, apelou.
Assinala-se, esta terça-feira, o 55º dia da invasão russa da Ucrânia. Pelo menos 2.072 civis morreram e 2.818 ficaram feridos, segundo dados confirmados pela Organização das Nações Unidas (ONU), que alerta que o número real pode ser muito maior.
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