"Todos os sinais que estamos a receber dos Estados Unidos indicam que o interesse na Europa está a diminuir significativamente", pelo que é necessário "enfrentar o pior cenário possível", designadamente se imperar a linha "daqueles que, nos Estados Unidos, falam não só de uma 'América Primeiro' mas quase de uma 'América Sozinha'", declarou Merz, numa conferência de imprensa na sede da União Democrata-Cristã (CDU), em Berlim, no dia seguinte às eleições.
"É evidente que os europeus devem organizar muito rapidamente a sua capacidade de defesa, e esta é uma questão que terá prioridade absoluta nas próximas semanas", garantiu o líder conservador alemão, acrescentando que está "totalmente de acordo" com o Presidente francês, Emmanuel Macron, com o qual falou por telefone no domingo à noite, e que se desloca a Washington para apresentar "propostas de ação" ao Presidente Donald Trump, com vista a afastar a "ameaça russa" na Europa e garantir uma "paz duradoura" na Ucrânia.
Reiterando que é "inaceitável" que os Estados Unidos façam um acordo de paz com a Rússia "à revelia dos europeus e à revelia da Ucrânia", Friedrich Merz disse continuar, ainda assim, esperançado em conseguir convencer a nova administração norte-americana liderada por Trump de que a preservação de uma "boa relação transatlântica" é "do interesse comum", garantindo que, pela sua parte, tudo fará para o conseguir.
Durante a conferência de imprensa, o líder dos conservadores alemães defendeu que a Europa precisa de demonstrar unidade em relação ao futuro da NATO e clarificar o quanto está disposta a gastar em defesa, admitindo que nunca pensou ter de defender a criação de "uma capacidade de Defesa europeia autónoma".
No dia seguinte ao seu triunfo 'magro' nas eleições legislativas antecipadas na Alemanha (a CDU obteve 28,6% dos votos), Merz assumiu hoje a vontade de formar uma coligação governamental com os sociais-democratas do SPD (centro-esquerda), esperando alcançar um acordo até à Páscoa.
"Estou determinado a manter discussões positivas, rápidas e construtivas com os sociais-democratas, a fim de formar um governo de coligação [...] por volta da noite de Páscoa, a 20 de abril", dentro de sensivelmente dois meses, declarou.
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