No último comício de campanha para a segunda volta das eleições presidenciais francesas -- que decorrem este domingo --, Emmanuel Macron afirmou que nunca irá "deixar ninguém para trás" e disse "só acreditar numa coisa: reconciliar a bondade com a ambição".
"Quando baixamos os braços e cedemos ao espírito do ressentimento, de derrota, não ganhamos nenhuma batalha. Não iremos alcançar a unidade no país se prometermos tudo e não financiarmos nada", afirmou o também Presidente francês, numa alusão às promessas da candidata da União Nacional, Marine Le Pen.
Num discurso feito em cima de um palanque, e com trocas frequentes com os populares que o interpelavam na praça central de Figeac, na região do Lot, no sudoeste de França, Macron apontou à sua adversária na segunda volta das eleições, afirmando que Le Pen provoca o "ódio e a divisão".
Em contraponto, o Presidente cessante afirmou que consegue discursar "sem um único comentário de ódio, nem sobre os adversários políticos, nem sobre uma parte do país", e frisou o projeto que apresenta para estas eleições é um "projeto idealista e realista porque não há nenhum ideal que não se baseie no real".
"Nós apresentamos um projeto no qual acredito convictamente, que, alimentado pelas inquietações do país, procura sermos melhores, e continuarmos a construir uma França mais forte, mais independente. (...) É o sentido do combate que estou a levar a cabo desde há cinco anos, e que quero continuar a fazer, hoje e amanhã", sublinhou.
Apelando a uma "reconciliação" entre as cidades, bairros e zonas rurais francesas, Macron qualificou o sufrágio de domingo como um "referendo contra ou a favor da Europa" e "contra ou a favor de uma República laica, una e indivisível".
"O dia 24 de abril [dia da segunda volta das eleições presidenciais] será um referendo contra ou a favor de uma França forte economicamente, que sabe explicar o seu futuro e tomar decisões difíceis. (...) O dia 24 de abril é um referendo contra ou a favor da nossa fidelidade aos nossos valores, à nossa história, àquilo que somos verdadeiramente. Nós, somos a favor!", gritou, perante os aplausos das centenas de simpatizantes que o ouviam.
Depois de discursar, Macron desceu do palanque e ficou longos minutos a conversar com os populares de Figeac, dando autógrafos e tirando 'selfies'.
Em declarações aos jornalistas, o candidato do partido La Republique en Marche afirmou que, depois de o debate de quarta-feira com Le Pen "ter sido marcado por muito respeito entre ambas as partes", a sua adversária voltou agora, na reta final da campanha, a utilizar a agressividade como instrumento político.
"Manifestamente, perante a revelação da aldrabice do seu projeto sobre o poder de compra, de que é um projeto de extrema-direita no que se refere ao véu islâmico, que prevê a saída da Europa... Ficou sem argumentos e decidiu voltar aos fundamentos da Frente Nacional, ou seja, à agressividade. Isso não me impede de continuar a ser benevolente e a prosseguir o combate republicano", afirmou.
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